Tendências conservadoras


Silvio Caccia Bava, Le Monde Diplomatique Brasil / Envolverde

“Hoje, no Brasil, não há oposição a este governo. Nem de esquerda nem de direita. Ao contrário, uma grande maioria considera este o melhor governo de todos. O segredo é que Dilma conquistou o apoio da classe média, e Lula e as políticas sociais têm mantido a popularidade da presidente nos setores populares.

O governo parece apostar no desenvolvimento do mercado interno para se defender da queda das exportações e diminuir a vulnerabilidade da economia. E dispõe de instituições como o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras, que podem induzir novas estratégias de desenvolvimento.

Fomentar o mercado interno parece ser uma medida acertada. Mas crescimento não é mais sinônimo de desenvolvimento. Se conduzido nos parâmetros de desenvolvimento atuais, esse crescimento deve levar a uma ainda maior concentração da riqueza e à manutenção de níveis de desigualdade que se reproduzem há décadas e permanecem basicamente inalterados. Mas a situação traz outras possibilidades: dinamizar o mercado interno pode também favorecer uma redistribuição mais acelerada da riqueza.

As políticas sociais não têm sido capazes de reverter o quadro de desigualdade de forma estrutural. Nem têm esse propósito. Para superar a desigualdade, é preciso outro modelo de desenvolvimento, outros atores como protagonistas. Nesse campo de disputas quanto aos sentidos do desenvolvimento, o reconhecimento de que cada território é um território único, distinto, singular, abre espaço para a mobilização democrática e produtiva do território, principalmente com a mobilização dos pequenos e médios produtores, o que pode contribuir para a construção de um novo projeto.

Essa lógica que organiza nossa sociedade, levando ao 1% quase toda a riqueza, reproduz-se por força das pressões dos lobbies empresariais, especialmente do setor financeiro. E se converte em políticas de Estado. O Estado, capturado por esse poder, passa então não apenas a financiar o setor privado, mas também a garantir em última instância todas as dívidas que ele venha a contrair.”
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