Portal Terra
“Aluno do curso de fotografia da Polícia
Civil de São Paulo em 1975, Silvaldo Leung Vieira, então com 22 anos, fez em 25
de outubro daquele ano a imagem mais importante para o Brasil naquela década: a
foto do corpo do jornalista Vladimir Herzog, pendurado por uma corda no
pescoço, numa cela de um dos principais órgãos de repressão da ditadura, o
Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-Codi). "Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado
para montar essas mentiras", contou o fotógrafo, que teve de abandonar o
emprego e o País; ele vive em
Los Angeles, nos EUA, desde 1979. As informações são do
jornal Folha de S. Paulo.
Dezessete dias depois de iniciar o curso de
fotografia na instituição, Silvaldo foi convocado para sua primeira aula
prática no complexo da rua Tutoia, no bairro do Paraíso, em São Paulo. Quando
chegou ao DOI-Codi, a cena do suposto suicídio já estava montada. Em uma cela,
o corpo pendia de uma tira de pano atada a uma grade da janela; as pernas
estavam arqueadas e os pés encostados no chão, onde havia papel picado.
"Eu estava muito nervoso, toda a situação foi tensa. (...) Havia uma vibração
muito forte, nunca senti nada igual. Mas não me deixaram circular livremente
pela sala, como todo fotógrafo faz quando vai documentar uma morte. Não tive
liberdade. Fiz aquela foto praticamente da porta. Não fiquei com nada, câmera,
negativo ou qualquer registro. Só dias depois fui entender o que tinha
acontecido", disse ele. "Tudo foi manipulado, e infelizmente eu
acabei fazendo parte dessa manipulação." Publicada na imprensa, a imagem
corroborou a tese de que o "suicídio" de Herzog era uma farsa, e foi
decisiva para mudar os rumos da ditadura.”
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