Josias de Souza, Folha de S. Paulo / UOL-Blogs
"Observador atento da cena paulistana, um
cacique da tribo do DEM enxerga no iminente salto de José Serra rumo à
candidatura municipal uma novidade crivada de ironias. Pela primeira vez,
diz ele, Aécio Neves e Cia. apoiam efusivamente um projeto eleitoral de Serra.
Ele compara Serra ao português paraquedista
da anedota. Como assim? Para convencê-lo a saltar na escuridão de uma disputa
que, por imprevisível, pode custar-lhe a carreira, o generalato do PSDB tenta
provar a Serra que o paraquedas é seguríssimo.
Nessa fase de convencimento, prossegue o
líder ‘demo’, o tucanato promete a Serra um equipamento sofisticado. Basta que
ele puxe a primeira cordinha para que o parquedas se abra. Se não abrir, o que
é improvável, haverá uma segunda cordinha.
Se ainda assim nada acontecer, o que é
improbabilíssimo, Serra terá à sua disposição uma terceira e definitiva
cordinha. Puxando-a, o paraquedas se abrirá. O PSDB promete que, lá embaixo,
haverá um jipe à sua espera, para levá-lo à cadeira de prefeito.
O morubixaba do DEM supõe que, empurrado
pelas circunstâncias, Serra não terá outra alternativa senão saltar na direção
do insondável. Como o português da piada, ele puxará a primeira cordinha. E
nada. Puxará a segunda. Nem sinal. Vai puxar a terceira. Nem tchum. Exclamará:
Ai, Jesus! Agora só falta o jipe não estar lá embaixo.
Na eventualidade de confirmar-se o
desastre, arremata o analista do DEM, desaparecerão todas as sombras de dúvida
quanto à capacidade do PSDB de se unir. “Vai ficar provado que, no ninho
tucano, a união faz a farsa.”
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