Mair Pena Neto, Direto da Redação
“Se determinados episódios simbolizam o fim
de uma era, como o naufrágio do Titanic foi para a Belle Époque, podemos ter a
esperança de que o acidente com o navio Costa Concordia, na Itália, e a
suspeita de estupro no Big Brother Brasil venham a representar uma mudança na
condução de políticas e programas, que simbolizam o espírito liberal,
permissivo e desregulado que marcou o fim do século 20 e a primeira década do
século 21.
É possível dizer que o acidente com o Costa
Concordia encerra um período em que a Itália esteve entregue a um governante
mafioso, encantado por buga-bugas, regadas a sexo, champagne e menores, uma
espécie de BBB privado na vida um homem público. Os escândalos berlusconianos,
reforçados por comportamentos inconvenientes também na vida pública, como
referências depreciativas a outros chefes de Estado, "animavam" a
condução do país rumo ao desastre econômico, simbólico da atual crise do
neoliberalismo.
O capitão do Costa Concordia revela-se,
assim, um bufão como Berlusconi. Para homenagear um tripulante, ignorou ser
responsável pela segurança de mais de quatro mil pessoas, e aproximou-se
perigosamente da costa italiana. Ao rasgar o casco do navio nas rochas próximas
à ilha de Giglio, disse que as pedras não deveriam estar ali. E, pior, fez como
os ratos, sendo o primeiro a abandonar o navio, deixando passageiros e
tripulação à própria sorte.
A divulgação do áudio em que o comandante
do navio, assustado e infantilizado diante do desastre que provocou, é
energicamente advertido pelo chefe da capitania dos portos de Livorno de que
tem que retornar à embarcação e assumir suas responsabilidades representa a
restauração da dignidade diante de um episódio que reflete o desprezo pelas
vidas humanas que marcou os anos de neoliberalismo na Itália, na Europa e no
mundo.”
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