Elaine Patricia Cruz, Rede Brasil Atual
“Enquanto algumas pessoas almoçavam no
Restaurante Nonno Paolo, na zona sul de São Paulo, do lado de fora, um pequeno
número de pessoas fazia um panelaço contra atitudes racistas. A manifestação, pacífica,
foi organizada pela internet e motivada pela história do casal espanhol que
teve o filho adotivo, de 6 anos, retirado do estabelecimento.
Enquanto os pais se serviam no restaurante,
o filho etíope ficou esperando em uma das mesas. Um dos funcionários da
pizzaria abordou a criança e a retirou do local. O casal espanhol encontrou o
filho na calçada e registrou um boletim de ocorrência por discriminação racial
na Delegacia do bairro de Vila Mariana.
A estudante Carina Paola Cardenas, uma das
idealizadoras do protesto, disse que o objetivo é chamar a atenção para o
preconceito racial. “Pretendemos mostrar às pessoas que o racismo existe. Não
se consegue mudá-lo somente por leis. O que muda isso é a conscientização. Por
isso, estamos estimulando o boicote aos estabelecimentos que tenham esse tipo
de política de maltratar pessoas seja por causa da raça ou por questão social.”
Wilson Honório da Silva, do Movimento
Nacional Quilombo Raça e Classe, disse que o protesto, apesar de ter contado
hoje com um grupo muito pequeno de pessoas, não pode ser esgotado. “O movimento
tem o propósito de mandar um recado para a sociedade. Estamos cansados de viver
em um país onde ser negro é parecer marginal.”
Para ele, a ideia é organizar manifestações
ao longo do ano para alertar a população sobre o racismo. “Estamos propondo
transformar o dia 21 de março, que é o Dia Internacional de Combate ao Racismo,
num grande ato em protesto a todos esses casos que têm se repetido em São Paulo ”, disse.
À Agência Brasil, os sócios do
restaurante disseram que não iriam se manifestar sobre o caso até a conclusão
do inquérito policial.
Na última quarta-feira (4), a Secretaria da
Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo instaurou um processo para apurar
o caso. Se for comprovada a discriminação racial contra a criança, o
estabelecimento poderá ser multado.”
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