“O eixo dos protestos se deslocou dos
balcões, Sacs e telefones 0800 para as redes sociais
João José Forni, Brasil 247
As redes sociais se tornaram o refúgio dos
brasileiros para protestarem contra os desmandos que assolam o país. Por isso,
acabam sendo um termômetro das dores e agruras dos consumidores. Vale protestar
contra o time de futebol. Contra políticos, artistas, empresas e governos. E
até contra os gritos de Galvão Bueno, nas transmissões.
As redes viraram a ágora moderna onde todos
democraticamente podem se manifestar, desde que respeitem normas da boa conduta
e leis que preservam as pessoas de ofensas ou discriminação. Passam a ser o
espelho da sociedade cada vez mais indignada. É dali que se pode tirar um
extrato do Brasil que não funciona e desrespeita o consumidor e o contribuinte.
Delas pode-se ter uma ideia de como a população de baixa renda sofre calada:
aquela, sem competência comunicativa, sem voz para expressar indignação, porque
não teve oportunidade de estudar ou ainda é analfabeta funcional.
Não são estes, que mal sabem se expressar,
o público presente nas redes sociais, gritando contra governantes corruptos e
empresas arrogantes e ineficientes. Os que ali se manifestam representam pouco
mais de um quarto da população brasileira. É a geração online, que descobriu
seu coreto eletrônico. E sabe gritar. Realmente começam a fazer muito barulho e
incomodar empresários e governantes.
O eixo dos protestos se deslocou dos
balcões, Sacs e telefones 0800 para as redes sociais. Muitas empresas só
respondem aos protestos do consumidor quando eles chegam na mídia tradicional
ou nas redes sociais. Os sites dessas empresas muito bem construídos para
oferecer ofertas tentadoras, escondem telefones e acessos por onde o consumidor
poderia reclamar. Não querem ser incomodadas.
Por isso, as redes sociais se tornaram o
termômetro dos inconformados. Algumas empresas estão preocupadas. Porque a
imagem começa a ficar desgastada exatamente pela forma como estão expostas à
indignação dos consumidores. Existe até um ranking abominável, feito pelos
Procons, das campeãs de reclamações.
Mas esse desdém tem preço. A incompetência
e o descaso fazem mal à saúde. Causam irritação, úlcera, gastrite. Infelizmente
é o que mais vemos no nosso dia-a-dia. Se não, vejamos. Atendentes mal
preparados não dão a mínima para você quando chega para ser atendido. Não há
qualquer preocupação em resolver seu problema. Grande parte dos recepcionistas
parece treinado para se livrar de você. Ou para passar para outro atendente,
que também não dará uma solução. Quem não passou por uma situação dessas?”
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