Agência Brasil
“A desigualdade de distribuição de renda no
Brasil diminuiu 5,6% e a renda média real subiu 28% entre 2004 e 2009. Os dados
constam do comunicado Mudanças Recentes na Pobreza Brasileira, divulgado
hoje (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o documento, o percentual de
pessoas com renda mensal igual ou maior do que um salário mínimo per
capita – consideradas não pobres – subiu de 29% para 42%. Isso significa
que o número de pessoas dessa faixa aumentou de 51,3 milhões para 77,9 milhões
no período. Na época do levantamento dos dados, o salário mínimo estava em R$
465.
“O crescimento da renda e a diminuição das
desigualdades foram bastante significativos", avalia o pesquisador da
Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Rafael Guerreiro Osório.
"O grande estrato que cresce na população é o de não pobres. É uma
diferença de 26 milhões de pessoas”, completou.
Uma das conclusões destacadas pelo pesquisador
é que, apesar de bastante abrangente, o Programa Bolsa Família não garante a
ascensão social de seus beneficiados. “Embora seja uma cobertura muito
abrangente para as famílias extremamente pobres ou pobres, os valores
transferidos pelo programa são muito baixos. Com isso, nenhuma família sai
desses estratos por causa dessas transferências. Para que isso aconteça, é
fundamental que elas tenham uma outra fonte de renda, ainda que de algum
trabalho precário”, destacou Osório.
Ele acrescentou que um estudo do Ipea
mostra que, dobrando o orçamento do Bolsa Família destinado às pessoas já
atendidas, “seria possível levar a pobreza extrema do país para níveis bem
baixos”, podendo inclusive chegar à meta de erradicar a miséria no Brasil. “Em
valores, isso corresponde a aumentar de R$ 12 bilhões para R$ 26 bilhões o
orçamento destinado ao programa.”
“Cada vez menos a pobreza é determinada
pela baixa remuneração ao trabalho, e cada vez mais é determinada pela
desconexão do trabalho”, acrescentou o pesquisador. Segundo ele, 29% das
famílias extremamente pobres não têm nenhuma conexão com o mercado de trabalho.
Entre os pobres, esse percentual é 10%, o
mesmo índice identificado na população considerada vulnerável. Na camada de não
pobres, o índice cai para 6%. “A explicação para o fato de haver um índice de
6% para famílias não pobres sem conexão com o mercado de trabalho é a
Previdência Social”, justificou Osório, ao citar benefícios como a
aposentadoria.”
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