André Siqueira, CartaCapital
“O Brasil é mesmo um país de contradições. Na
manhã da quarta-feira 14, um grupo de pessoas acompanhou a contagem do
Impostômetro, o marcador gigante instalado pela Associação Comercial de São
Paulo no centro da cidade para medir a arrecadação do governo. Neste ano, diz a
entidade, atingimos a marca de 1 trilhão de reais 35 dias mais cedo do que em 2010. A cifra foi
acompanhada por vaias do grupo de pessoas aglomerado diante do display. Não as
culpo. Vende-se, por estas bandas, a ideia de que dinheiro de imposto é
dinheiro subtraído da sociedade. Um argumento tão repetido pela mídia (e pela
oposição ao governo) que, para muitos, se tornou uma verdade.
Virou quase lugar-comum dizer que o Brasil
é um dos campeões mundiais em impostos, e comparar nosso pacote de serviços
públicos com os oferecidos por países com carga tributária igual ou maior.
Esses argumentos deixam de lado dois detalhes importantes: somos também
destaque mundial em desigualdade social, e temos uma massa de desassistidos
comparável apenas a países como China e Índia. Ou seja, sai caro, muito caro,
para uma nação com tal perfil, oferecer, mesmo precariamente, uma estrutura de
amparo universal.
Logo, uma alta arrecadação é algo a ser
comemorado, e não lamentado. É sinal de que o governo eleito democraticamente
dispõe de mais recursos para atender às necessidades da população que o elegeu.
Como alguém em sã consciência pode reclamar da saúde e da educação públicas e
querer ir às ruas protestar por menos impostos? Exigir das autoridades o melhor
uso possível dos recursos do orçamento é um dever cívico em qualquer país,
assim como cobrar o combate permanente à corrupção. Mas imaginar que um governo
será capaz de, com menos dinheiro, sustentar a máquina estatal, fazer os investimentos
necessários (para ontem) em infraestrutura e melhorar o pacote de serviços à
população é simplesmente absurdo!”
Artigo Completo, ::Aqui::
Comentários
Eles queria Serra e sua quadrilha... já pensou o verdadeiro toma-lá... dá-cá???