Pânico nas bolsas sinaliza uma nova recessão mundial

O comportamento das bolsas de valores e dos investimentos pelo globo nesta segunda-feira, 8, sugere que a economia mundial navega ao encontro de uma nova tempestade. Ganha força e parece irresistível a tendência a uma recaída na recessão. O pano de fundo dos acontecimentos em curso é a crise da ordem capitalista liderada pelos Estados Unidos.

Umberto Martins, Vermelho

O mercado de capitais brasileiro foi um dos mais afetados. As operações na Bovespa quase foram interrompidas (o que ocorre quando o índice baixa 10%) e o dia encerrou com o Ibovespa despencando 8,08%, o maior tombo desde outubro de 2008. Já o dólar subiu 1,44%.

Em Nova York, o Dow Jones caiu 5,5%. Na Ásia as perdas médias superam 4%, na Europa Frankfurt recuou 5,02%, Paris 4,7%. A bolsa de Moscou também desabou 5,6%.

Ouro e commodities

A cotação do ouro registrou um novo recorde na segunda-feira (8), superando a barreira dos US$ 1.700 a onça (28,3 g) pela primeira vez. O precioso metal fechou a US$ 1.715 e já acumula uma valorização de 20% ao longo deste ano. A evolução reflete a fuga de capitais das bolsas e títulos públicos para o ativo ainda hoje considerado como o mais seguro do mundo.

O preço das commodities recuou sob o impacto da perspectiva de uma nova recessão no mundo. O efeito disto é contraditório para o Brasil, cujo superávit comercial num contexto de excessiva valorização do real só se explica pela valorização das commodities e reversão dos termos da troca internacional. O impacto negativo influencia as bolsas e se persistir pode deprimir o valor das exportações e agravar o déficit em conta corrente, embora a inflação e os juros possam cair, conforme antecipam os índices do mercado futuro.

Sabor irônico

O rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard & Poor´s elevou o grau de pessimismo e semeou pânico entre os investidores. Hoje, a empresa rebaixou também as notas do crédito dos gigantes hipotecários Fannie Mae e Freddie Mac, que faliram com o estouro da bolha imobiliária e foram encampados pelo governo.

À tarde, por volta das 14h40, o presidente Barack Obama fez um pronunciamento criticando a agência de classificação de risco e renovando as promessas de solução para o déficit público e o desemprego massivo. “Vamos alimentar o consumo”, alardeou. As bolsas fizeram ouvidos moucos e acentuaram a queda.

A crítica do chefe do governo da maior potência capitalista do mundo tem um sabor irônico, pois até agora este tipo de reclamação (contra agências norte-americanas) era monopólio dos países mais pobres, perturbados por crises da dívida externa, como foi o caso do Brasil no passado ou da Grécia, Irlanda e Portugal no presente. Nesses casos, o rebaixamento é a senha para o aumento das taxas de juros cobradas pelos bancos internacionais.”
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