Ao deixar PSDB, Bresser-Pereira critica deslocamento para centro-direita


Ex-ministro de FHC diz que partido não é mais social-democrata

Raoni Scandiuzzi, Rede Brasil Atual

O deslocamento do PSDB para a centro-direita a partir de 2003 é o principal motivo apontado pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, atual professor da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), para deixar a legenda. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (18), em um artigo publicada no jornal Folha de São Paulo. A saída representa mais um desfalque para os tucanos, que vivem uma crise interna.

Segundo Bresser-Pereira, à medida que mudanças ideológicas ocorriam dentro do PSDB, ele se distanciava mais, até o ponto em que se decidiu pelo desligamento. O ex-ministro, que afirma não pretender ingressar em outra sigla e encerra suas atividades partidárias, dedica-se a atividades acadêmicas desde 1999. Procurado pela Rede Brasil Atual, Bresser-Pereira não quis conceder entrevista.

Bresser-Pereira foi ministro da Administração e Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia do governo Fernando Henrique Cardoso, além de ocupar a pasta da Fazenda do governo José Sarney. No artigo, o professor atribui o deslocamento do PSDB ao fato de o PT ter assumido o poder e ocupado o espaço de partido social-democrata no país. O PSDB foi, então, empurrado para representar os interesses da elite nacional, segundo a análise.

A saída do ex-ministro e um dos principais intelectuais do PSDB soma-se a outras desfiliações. No mês passado, o ex-deputado federal e ex-secretário de Esportes da capital paulista Walter Feldman e seis vereadores paulistanos abandonaram o partido. Internamente, lideranças como o senador Aécio Neves (MG), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra (SP) disputam o comando da legenda.

Bresser-Pereira sustenta ter retomado a ideologia nacionalista para a economia, defendendo que o governo brasileiro deve defender os "interesses do trabalho, do capital e do conhecimento nacionais", e que a postura deve ser adotada pelos brasileiros seguindo "suas próprias cabeças" e não seguindo cartilhas de outras nações. Ele considera que os países ricos são "competidores" do Brasil.”

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