Humalinha paz e amor

Com menos cara de Chávez e mais de Lula, a esquerda parece próxima de uma vitória eleitoral

Antonio Luiz M. C. Costa, CartaCapital

Em 2006, Ollanta Humala concorreu à Presidência do Peru com um perfil chavista (se não mais duro) e perdeu. Em 2011, vai de “Humalinha paz e amor”. Troca o vermelho pelo branco, usa o slogan “a esperança vencerá o medo”, escreve uma “carta aos peruanos” para acalmar as Reginas Duartes locais (na qual promete, entre outras coisas, manter os compromissos com as empresas privadas e a independência do Banco Central) e recorre à assessoria dos petistas Luís Favre e Valdemir Garreta e do marqueteiro de Lula na reeleição de 2006, João Santana.

O nervosismo dos especuladores e as oscilações das bolsas e dos títulos de dívida, à medida que sua vitória parece mais provável, repetem o alarmismo do Brasil de 2002. As pesquisas publicadas em 3 de abril, última data permitida antes das eleições do dia 10, deram a Humala o primeiro lugar, com 25% a 30% dos votos e significativa diferença em relação ao segundo colocado, o ex-presidente Alejandro Toledo, nas pesquisas IMA e CPI, e Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, para os institutos Datum, Ipsos e Imasen. Sua aliança deve também ter a maior bancada parlamentar, ainda que em minoria.

Em 2006, Humala conseguiu 30,6% dos votos válidos ante 24,3% do atual presidente Alán García e também a maior bancada do Congresso, mas o segundo colocado venceu o segundo turno, como também aconteceu em 1990, quando Vargas Llosa, vencedor do primeiro turno, foi derrotado por Alberto Fujimori no segundo. Nesses dois casos, os derrotados se uniram contra o vencedor do primeiro turno que estava na ponta direita de seu espectro político no caso de Vargas Llosa, e na esquerda no de Humala.

O cenário pode se repetir, mas há diferenças: em 2006, Humala chegava às vésperas do primeiro turno em queda em relação a março (de 27% a 32% para 24% a 28% das preferências) e agora está em ascensão (tinha 9% a 11% em dezembro e 18% a 22% no fim de março). Hugo Chávez trocava insultos com García e ameaçava romper relações com o Peru se ele fosse eleito, enquanto nesta eleição esforçou-se prodigiosamente para manter a boca quase fechada. E se as pesquisas do final do primeiro turno de 2006 indicavam que Humala perderia no segundo turno, as de agora são ambivalentes.

Segundo a última pesquisa Ipsos para o segundo turno, Humala venceria Pedro Pablo Kuczynski, o PPK (ex-ministro de Toledo conhecido pela atuação em favor de petroleiras e mineradoras transnacionais), empataria com Keiko, mas ficaria um pouco atrás de Toledo ou do ex-prefeito de Lima Luis Castañeda, que em dezembro era favorito e agora é o último dos cinco principais candidatos. Este insiste em que, se não for ao segundo turno, Humala vencerá, enquanto PPK, que subiu à sua custa, assegura que Humala prefere Toledo no segundo turno. Partidários do próprio Humala dizem, porém, preferir PPK e ver Toledo como o adversário mais difícil.”
Foto: Ernesto Benavides, AFP
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