Dilma e a trégua da imprensa

Dilma está ainda naquele banho-maria dos primeiros cento e vinte dias de governo nos quais a mídia concede uma espécie de trégua ao recém-eleito, porque (olha só o clichê) se bem me recordo, a mídia teve o mesmo procedimento, guardadas as proporções, quando da eleição de Marta Suplicy do PT como prefeita de São Paulo: “namorou” e encheu sua bola no começo, depois caiu de pau”

Márcia Denser, Congresso em Foco

Como diz o insuspeito Delfim Netto, "não importa qual seja nossa orientação ideológica ou nossa pretensão científica sobre a melhor receita para a boa governança econômica, é impossível deixar de reconhecer que quase 90% de aprovação popular - num regime de plena liberdade de expressão, mídia alerta e inquisidora - tem pouca probabilidade de ser um acidente...".

Senão vejamos (segundo editorial da Carta Maior): o financiamento imobiliário bate recorde em 2010; vendas no varejo têm a maior alta em nove anos; geração de emprego também bate recorde em 2010: 2,5 milhões de vagas formais; a população ocupada atinge 22 milhões de pessoas em 2010, maior patamar desde 2002; total de desempregados - 1,6 milhão de pessoas - é o menor da série. Produção industrial cresce 10,5% em 2010: a maior expansão desde 1986.

Em reporte à coluna do nosso editor Sylvio Costa, alertando que pode dar cadeia ao jornalista brasileiro criticar político (a exemplo do blogueiro de Mossoró-RN), e só por desaforo, vou citar o sociólogo, jornalista e professor Emir Sader – alvo de um ruidoso e injusto processo por calúnia promovido pelo demo-mor Jorge Bornhausen em razão de Emir ter se referido a ele de “maneira injuriosa” em seu blog – a respeito duma “desconstrução lulista” ora praticada pela mídia.

Para Sader, o esporte preferido da mídia hegemônica é fazer comparações entre Dilma e Lula. Sem coragem de admitir que já não expressa a opinião pública e faz tempo– que deu a Lula 87% de apoio e apenas 4% de rejeição no final de um mandato, apesar de toda a velha mídia contra – esta procura se reposicionar (só para não ser tão contrária ao governo) e a melhor estratégia encontrada foi dizer que as coisas ruins, que criticavam, vinham do estilo Lula, que Dilma deixaria de lado.”
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