Ana Cláudia Barros, Terra Magazine
“A atendente de suporte técnico Fabiana Pereira, 35 anos, uma das articuladoras do Movimento São Paulo para os Paulistas, sai em defesa da estudante de direito Mayara Petrusco, apontada como uma das responsáveis por desencadear a onda de manifestações preconceituosas contra os nordestinos na internet após a vitória de Dilma Rousseff (PT).
Na internet, Mayara declarou que "nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado", o que rendeu à universitária uma denúncia junto ao Ministério Público Federal, apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Pernambuco (OAB-PE). A entidade viu no ato a configuração dos crimes de racismo e de incitação pública à pratica delituosa, no caso, homicídio.
Para Fabiana, a estudante não se referiu a um assassinato literal e apenas estava "desabafando".
- Acho também que não estão sendo debatidas quais as causas da revolta dela. O fato de - não que justifique-, mas o fato de São Paulo sustentar o Bolsa Família, e aí esses beneficiários emergem e São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, né?! - "advoga".
Na interpretação da representante do movimento - cujo abaixo-assinado virtual já conta com quase 1400 assinaturas -, o episódio foi usado para vitimizar o "pessoal do Nordeste". Segundo ela, a solução para acabar com a "guerra" seria "que cada Estado tivesse autonomia para administrar os seus recursos".
- Aí, ia parar essa guerra que existe. São Paulo sustenta e eles (nordestinos) decidem quem vai nos governar.
Ao ser lembrada que mesmo se fossem excluídos votos do Norte e do Nordeste Dilma venceria, Fabiana argumenta:
- O Brasil, na verdade, parece que é dividido em duas culturas. Minas é mais identificada com o Nordeste, não sei se é por motivos de colonização. Não sei quais as causas. Se você olhar aquele mapa que dá meio vermelho, meio azul do (José) Serra e da Dilma, é sempre assim. Parece que um se identifica mais com uma ideologia e outro, com outra ideologia. Então, mesmo que tirasse o Nordeste, talvez ela se elegesse da mesma forma. Mas o pessoal não deixa de culpar... Culpar entre aspas, né?! Sabe que lá (Nordeste) é um celeiro mesmo, que vota no assistencialismo, no populismo.
Você acompanhou a polêmica sobre as manifestações contra nordestinos na internet após a vitória da Dilma Rousseff?
Fabiana Pereira - Dei uma olhada sim.
A OAB de Pernambuco acionou o Ministério Público Federal contra a estudante de direito Mayara Petrusco. A entidade considera que ela foi uma das responsáveis por ter desencadeado as manifestações de preconceito contra nordestinos. O que vocês, do movimento, acham dessa polêmica?
Acho que aquele negócio que ela falou de matar, afogar, é mais ou menos assim, que nem você fala: "Ah, mate todos os corintianos". Sabe? Num sentido assim. Claro que ela não estava falando literalmente em matar. Acho que foi um sentimento de revolta. No mesmo sentido de falar: "Eu mato aquele infeliz".
Então, você acha que ela falou aquilo como forma de expressar raiva?
É. Um desabafo ou algo assim.
Mas você acha que o tom foi exagerado?
Na internet, tem essas coisas dos dois lados. Acho também que não estão sendo debatidas quais as causas da revolta dela. O fato de - não que justifique -, mas o fato de São Paulo sustentar o Bolsa Família, e aí esses beneficiários emergem e São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, né?!
Então, essa é a essência da coisa. Claro que eu achei que o que ela (Mayara) falou talvez... não, mal interpretada. Na internet é comum esse bate-boca. Você acha também contra paulista gente falando um monte. E acabaram usando isso até para fazer um pouco de vítima, eu acho.
Como é? Desculpe, não entendi.
Acabaram usando tudo isso para colocar até um pouco como vítima, né?!
Colocar quem como vítima?
O pessoal do Nordeste. Olhando ao pé da letra, parece radical o que ela disse, mas eu creio que ela não foi literal. Foi um desabafo.”
Entrevista Completa, ::Aqui::
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