Mair Pena Neto, Direto da Redação
“Uma das piores sequelas da recente eleição presidencial foi a onda conservadora, preconceituosa e racista, que sentiu-se à vontade para se expressar diante da campanha agressiva e fundamentalista do candidato tucano. Tal postura, revelada, sobretudo, por uma estudante paulista de Direito, não nasceu com a campanha eleitoral, mas percebeu no processo uma oportunidade ímpar de destilar sua aversão ao nordestino, simbolizando o ignorante, que não contribui para o destino do país. O nordestino simboliza, na verdade, o preconceito contra o pobre, o preto, o desvalido, enfim, todos aqueles que não participam da vida rica de uma certa área de São Paulo, não tão além dos Jardins.
Sim, em primeiro lugar é preciso diferir os paulistas dessa minoria elitista míope, herdeira dos órfãos de 1932, que não entende São Paulo como parte indissociável do Brasil e dos brasileiros. A revolução de 30 rompeu o poder oligárquico paulista, que acreditava sustentar a nação e não desejava sua transformação em um país urbano, moderno e industrial. Os inconformados com essa guinada na vida do país, que dele usufruiam, se levantaram em armas, num movimento que tinha como lema "Tudo por São Paulo". Até hoje, esse levante é comemorado em São Paulo, por maior que tenha sido o seu equívoco histórico.
A derrota em 32 não tirou de São Paulo seu papel de carro-chefe na industrialização que queria evitar e com o avanço do capitalismo, até o seu ápice financeiro, o estado tornou-se ainda mais poderoso, levando certos setores a perderem a noção do nacional. Os jovens universitários que integram o movimento "São Paulo para os paulistas" são como os órfãos de 32, só que ainda não perderam nada, pois nada construíram, já que estão na faixa de 18 a 23 anos. Ao contrário, vivem num país que reduz suas desigualdades, e com um Nordeste em crescimento, o que diminui consideravelmente os fluxos migratórios para o Sudeste.”
Artigo Completo, ::Aqui::
Comentários