Dayanne Sousa, Terra Magazine
“Para o membro do Democratas e ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais deste domingo (31) mostra a necessidade de a oposição se reorganizar. "Foram partidos fracos comandados por personalidades fracas e com um traço muito grande de pequena burguesia urbana", critica.
Ele defende que seu partido, o Democratas, se incorpore a outro. Atualmente, o DEM é o principal aliado do PSDB, partido do adversário de Dilma no pleito, José Serra. "Não é possível permanecer nessa forma pequeno burguesa e sem coragem, sem decisão, sem capacidade de agir por si próprio e estar sempre abaixo dos outros", argumenta.
Lembo considera a vitória de Dilma como "um grande momento para a história política do Brasil".
- É a conquista de uma mulher e isso é importante. A gente reequilibra a história do Brasil e, ao mesmo tempo, dá a presidência à maioria das pessoas, que são as mulheres.
Terra Magazine - Para o senhor, o que essa vitória da Dilma representa? Um fortalecimento do PT? Do Lula?
Cláudio Lembo - Não. Creio que, primeiro, é a conquista de uma mulher e isso é importante. A gente reequilibra a história do Brasil e, ao mesmo tempo, dá a presidência à maioria das pessoas, que são as mulheres. Esse é um ponto fundamental. Segundo, ela é eleita depois de uma campanha extremamente desgastante na qual usaram todos os métodos contra ela, mulher, e contra uma mulher socialista. Foi extremamente grave o ingresso de temas que no Brasil não são usuais em campanha como, por exemplo, o assunto religioso. Isso me pareceu muito grave. É uma intervenção indevida de autoridades religiosas no jogo político de um país democrático e harmônico como é o Brasil. E ela certamente será uma boa presidente porque tem capacidade, mostrou uma grande segurança pessoal e se deslocou do presidente Lula. É óbvio que ela teria que falar o nome do presidente, mas ela mostrou que tem personalidade própria e que é uma mulher de muito destemor e coragem. Portanto eu acho que é um grande momento para a história política do Brasil.
O senhor fala que ela se descolou da imagem do Lula. Sem isso ela teria vencido?
Claro que não. Se ela não mostrasse personalidade, não mostrasse que era capaz de decidir situações no momento em que isso estava sendo exigido, ela não teria sido eleita. O povo é muito sensível e, mais do que isso, a televisão faz com que as pessoas apareçam por inteiro no vídeo, nas telas. Você não consegue mentir na tela da televisão. O cínico, o mentiroso e o frágil, na televisão isso aparece com muita clareza.”
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