Alberto Dines, Observatório da Imprensa
“Quando a imprensa é notícia supõe-se que ele procure ser clara, compreensível, equilibrada, veraz. Certo ou errado? Erradíssimo. A mídia tem obrigação de clarificar o que é obscuro, mas quando está no papel de protagonista seu desempenho é geralmente ambíguo, controverso, confuso, pífio. E suspeito.
Às naturais deficiências de nossas redações acrescenta-se um tratamento equívoco e distorcido, geralmente soprado por outras esferas das empresas jornalísticas. Como se a imprensa não conseguisse cumprir com os seus deveres mínimos perante a sociedade aos expor os seus interesses e suas deficiências.
O seminário internacional organizado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República sobre convergência das mídias foi exemplo desta incontida tendência para a manipulação e o desvirtuamento nas raras ocasiões em que a imprensa trata dela mesma.
Das doze intervenções dos especialistas estrangeiros e a saudação de abertura do ministro-anfitrião, nossa mídia tratou apenas de duas e esqueceu o resto – o que já denota uma disposição para extrair do encontro seus méritos principais: a abrangência e a riqueza dos diferentes olhares.
Reestruturação urgente
A maioria das manchetes dos dias seguintes (quarta e quinta, 10 e 11/11) foram disparadas contra o ministro-jornalista Franklin Martins, que no discurso de abertura fez um apelo para que no debate sobre a criação de um marco regulatório para a comunicação eletrônica sejam esquecidos os fantasmas do passado. "O clima de entendimento é melhor do que o de enfrentamento", disse o ministro. Nenhum dos grandes jornais conseguiu vencer a tentação de subverter a frase e preferiu apresentá-la como ameaça do governo à liberdade de expressão.
Outra intervenção que atraiu o furor da mídia foi a do especialista da Unesco Toby Mandel, que repetiu o que este Observatório da Imprensa vem afirmando há mais de uma década: o Congresso Nacional não tem legitimidade para aprovar as concessões para emissoras de radiodifusão porque a maioria dos parlamentares goza da dupla condição de concessionário. Esta é uma aberração liminar que compromete toda a nossa estrutura midiática e não apenas no segmento eletrônico. Neste caso, quem comandou a ofensiva foi a Abert, entidade empresarial de radiodifusão que convive muito bem com este vício de origem.
O governo errou muito nas suas relações com a imprensa, sobretudo quando a levou aos palanques eleitorais. A reestruturação do setor eletrônico e a sua acoplagem ao novo mundo digital é imperiosa. Quem não entender esta urgência, vai sobrar.”
“Quando a imprensa é notícia supõe-se que ele procure ser clara, compreensível, equilibrada, veraz. Certo ou errado? Erradíssimo. A mídia tem obrigação de clarificar o que é obscuro, mas quando está no papel de protagonista seu desempenho é geralmente ambíguo, controverso, confuso, pífio. E suspeito.
Às naturais deficiências de nossas redações acrescenta-se um tratamento equívoco e distorcido, geralmente soprado por outras esferas das empresas jornalísticas. Como se a imprensa não conseguisse cumprir com os seus deveres mínimos perante a sociedade aos expor os seus interesses e suas deficiências.
O seminário internacional organizado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República sobre convergência das mídias foi exemplo desta incontida tendência para a manipulação e o desvirtuamento nas raras ocasiões em que a imprensa trata dela mesma.
Das doze intervenções dos especialistas estrangeiros e a saudação de abertura do ministro-anfitrião, nossa mídia tratou apenas de duas e esqueceu o resto – o que já denota uma disposição para extrair do encontro seus méritos principais: a abrangência e a riqueza dos diferentes olhares.
Reestruturação urgente
A maioria das manchetes dos dias seguintes (quarta e quinta, 10 e 11/11) foram disparadas contra o ministro-jornalista Franklin Martins, que no discurso de abertura fez um apelo para que no debate sobre a criação de um marco regulatório para a comunicação eletrônica sejam esquecidos os fantasmas do passado. "O clima de entendimento é melhor do que o de enfrentamento", disse o ministro. Nenhum dos grandes jornais conseguiu vencer a tentação de subverter a frase e preferiu apresentá-la como ameaça do governo à liberdade de expressão.
Outra intervenção que atraiu o furor da mídia foi a do especialista da Unesco Toby Mandel, que repetiu o que este Observatório da Imprensa vem afirmando há mais de uma década: o Congresso Nacional não tem legitimidade para aprovar as concessões para emissoras de radiodifusão porque a maioria dos parlamentares goza da dupla condição de concessionário. Esta é uma aberração liminar que compromete toda a nossa estrutura midiática e não apenas no segmento eletrônico. Neste caso, quem comandou a ofensiva foi a Abert, entidade empresarial de radiodifusão que convive muito bem com este vício de origem.
O governo errou muito nas suas relações com a imprensa, sobretudo quando a levou aos palanques eleitorais. A reestruturação do setor eletrônico e a sua acoplagem ao novo mundo digital é imperiosa. Quem não entender esta urgência, vai sobrar.”
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