Eleições 2010 tem maior número de pesquisas da história

Roberta Sales, Agência Dinheiro Vivo

“Em entrevista ao jornalista Luís Nassif, Marcus Figueiredo, professor do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), afirma que o eleitorado está se direcionando para centro-esquerda, mesmo que não verbalize claramente sua opção.

Um dos pontos destacados na entrevista foi a guerra dos institutos, ocorrida no início de 2010 que, de acordo com Figueiredo, eclodiu por dois motivos: primeiro, a insatisfações de candidatos e partidos, especialmente no caso do PSDB que questionou a validade da pesquisa da Sensus; segundo, pela disparidade no tratamento dos indecisos. Segundo o professor, essas eleições baterram o recorde de pesquisas eleitorais, totalizando 44 avaliações contra cerca de 20 nas eleições 1989 - uma das mais disputadas.

De acordo com o especialista existem duas maneiras de fazer a avaliação: uma analisando o ponto a ponto, controlando pela data e distribuindo ao longo do período; a outra, avaliando a média do valor durante o mês. Para ele o melhor critério é o primeiro, pois "com a disputa aberta, agora no final [da campanha], nós podemos dizer que a curva de tendência se ajusta praticamente de um dia para o outro".

Uma das justificativas para a oscilação das pesquisas são as ondas que surgem em favor ou contra determinado candidato. Segundo Figueiredo, episódios como o caso Erenice Guerra, desencadearam uma onda com forte repercussão nos últimos 15 dias. No caso específico, o escândalo resvalou principalmente da classe média para cima, direcionando votos da candidata Dilma Rousseff (PT) para a candidata Marina Silva (PV).

Sobre pesquisa partidária, o professor explica que algo em torno de 50% a 55% do eleitorado tem preferência partidária e que esse quadro se repete desde 1980. "Compartilho a crítica de que eles [os partidos] deveriam ser mais atuantes na organização política da sociedade", conclui.

Para finalizar, o professor faz uma breve explanação sobre a posição do eleitorado brasileiro. Para Figueiredo nestas eleições houve um realinhamento do eleitorado para uma posição de centro-esquerda, visto o crescimento sistemático dos partidos de esquerda no congresso.”

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