Eduardo Campos: "vamos juntar os bons e melhorar o País"

Bob Fernandes e Ed Ruas / Terra Magazine

“O governador eleito que teve a vitória mais avassaladora no primeiro turno das eleições, Eduardo Campos (PSB) venceu nos 184 municípios de Pernambuco, seu Estado. Neto do ex-governador Miguel Arraes e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Campos prevê a vitória da candidata Dilma Rousseff no segundo turno, mas não se furta a fazer reparos à campanha da coligação governista no primeiro turno - "a briga com a mídia foi uma briga errada", ele acredita, por exemplo.

Ao mirar mais à frente da batalha eleitoral, entretanto, Eduardo Campos vê a necessidade de "juntar os bons". Quer dizer, buscar conversas e entendimentos entre integrantes das forças políticas que hoje se enfrentam pela Presidência da República. "Tem pessoas na oposição que guardam os valores que nós guardamos", afirma ele.

Há precedentes na história de seu partido e em sua trajetória pessoal, lembra Campos: a aliança com o então governador Aécio Neves (PSDB), de Minas Gerais, para levar à prefeitura de Belo Horizonte um candidato do seu PSB, Márcio Lacerda. E nesta eleição mesmo, o PSB apoiou Dilma para a presidência e o candidato tucano Antonio Anastasia para o governo de Minas Gerais.

Terra - O senhor foi o governador mais votado do Brasil nestas eleições. Venceu em todos os 184 municípios de Pernambuco e em mais de 80% desses municípios, se eu estiver errado me corrija, com mais de 90% dos votos. E, ontem à noite, foi a Granito, onde obteve 99,1% dos votos. Em um município de pouco mais de cinco mil eleitores, apenas 23 votaram contra. Como explicar isso?
Eduardo Campos - O que explica isso é o trabalho que estamos fazendo, o momento que Pernambuco vive. Na verdade, inauguramos uma forma diferente de fazer política no Estado. Que era marcado por disputas políticas muito acirradas, um tempo em que a política foi feita de maneira muito agressiva recentemente. Nós ganhamos as eleições de 2006, surpreendendo a muitos que imaginavam que nós iríamos alimentar esse tipo de política. Surpreendemos com a paz política em Pernambuco. Fomos tratar de trabalhar. Não de desqualificar nossos adversários. Fomos tratar de inovar a gestão pública, de ampliar a margem de investimentos do estado, que multiplicamos por quatro. De tirar do papel uma série de investimentos que eram o sonho de Pernambuco há muitos anos. E tudo isso foi feito dentro de um ambiente de respeito e humildade. E agora estamos colhendo o que nós plantamos.

Terra - Se imaginava a velha política, o ódio, a rivalidade, porque se imaginava que o senhor tentaria vingar a derrota do seu avô, Miguel Arraes, contra o mesmo Jarbas Vasconcelos (PMDB). Não é isso?
Eduardo Campos - Isso mesmo. Exatamente isso. Em 2006, já tivemos a oportunidade de vencer a eleição e quem comandava o palanque em 2006, o governo que terminava naquela data que sucedi, não era o governo de Mendonça (Filho) (DEM). Era o governo Jarbas. No segundo turno, Jarbas esteve mais na televisão do que o próprio candidato, o Mendonça. E nós fizemos aquele debate, do segundo turno, com muito equilíbrio. Fomos pras propostas, fomos mostrar pra onde o Brasil estava indo, as mudanças que haviam ocorrido no mundo e a necessidade de Pernambuco voltar a ter futuro. Pernambuco não viver de contar o que já tinha sido ou do ciúme dos estados vizinhos. Era hora de unir o Nordeste e embalar Pernambuco, para ele voltar a crescer. E o que está acontecendo? Crescimento com qualidade, com respeito à natureza, crescimento com inclusão social, crescimento distribuído no estado, crescimento em setores que portam ao futuro. Fazer uma grande transformação na estrutura de educação, da valorização da educação para a cidadania e para o trabalho, com investimento em ciência e tecnologia. Com inovação na gestão pública, podendo fazer com que Pernambuco possa tanto na saúde, como na segurança pública, ter programas que são de estado e inovadores. Tudo isso foi surpreendendo. Então, essa coisa de alimentar o revide, não veio, não gravou, e as pessoas sentiram isso na minha atitude. Nós não discriminamos ninguém, quem já foi discriminado como nós fomos não tolera essa discriminação. Fomos trabalhar. Plantamos e estamos colhendo os frutos de uma nova política.

Terra - O senhor teve 82% dos votos e a candidata Dilma Rousseff (PT), teve 62%. O que o senhor prevê para o segundo turno?
Eduardo Campos - Nós tivemos uma diferença da nossa votação pra votação de Dilma aqui em Pernambuco, de 700 mil votos. Destes 700 mil, 520 foram na Região Metropolitana. E na borda da Metropolitana, tá o restante dessa diferença. No interior, o voto foi muito casado...”
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