O senador Heráclito Fortes (DEM-AM), que não conseguiu reeleição
Ana Cláudia Barros, Terra Magazine
“O presidente que for eleito no próximo dia 31 vai se deparar com um Senado com feição renovada. Das 54 cadeiras disputadas (2/3) neste ano, 36 serão ocupadas por novos nomes, uma mudança significativa, conforme frisa o analista político, Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Em entrevista a Terra Magazine, ele avalia a nova composição da Câmara dos Deputados, que sofreu renovação na ordem de 43%, abaixo da média verificada nas últimas cinco eleições. Fala também sobre o desempenho dos partidos de oposição na briga por vagas no Congresso e da estratégia "equivocada" do DEM e do PSDB de colidir frontalmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambas as siglas amargaram derrotas de medalhões, como Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Heráclito Fortes (DEM-PI).
Segundo o analista político, o DEM, em especial, "pagou um preço muito alto por fazer uma oposição extremamente agressiva a um presidente muito popular".
Das 54 vagas disputadas no Senado, 36 serão ocupadas por novos parlamentares. Como o senhor avalia essa nova configuração?
Antônio Augusto de Queiroz - O Senado teve renovação significativa, embora abaixo da média histórica das últimas eleições em que 2/3 das vagas estavam em disputa. Na eleição de 1994, apenas nove dos 54 senadores que disputavam o mandato foram reeleitos. Em 2002 (quando a renovação foi de 1/3), o número subiu para 14, agora está entre 18 e 19, porque há dúvida sobre o resultado final. De qualquer maneira, houve renovação extremamente significativa. Algo em torno de 45% de toda a composição do Senado.
Nas eleições de 2006 para o Senado, o DEM conseguiu o melhor desempenho nas urnas. Teve ainda a maior bancada, seguido pelo PMDB, que neste pleito foi o grande vitorioso (elegeu 16 senadores). O PT ficou em segundo, com 11 cadeiras (os dois juntos ficaram com metade das vagas). Por que o DEM teve um desempenho tão diferente do de 2006, elegendo apenas dois senadores?
O DEM pagou um preço muito alto por fazer uma oposição extremamente agressiva a um presidente muito popular, que é o caso do presidente Lula. E sem uma sustentação nos governos estaduais e nas assembleias legislativas e mesmo nas câmaras de vereadores e nas prefeituras que lhe dessem esse respaldo indispensável.
O fato é que, na eleição, muito dos seus candidatos não conseguiram renovar seus mandatos exatamente porque não tinham essa estrutura no plano estadual.
Apenas para citar, dois senadores do DEM que foram reeleitos, o Demóstenes Torres (GO) e o José Agripino Maia (RN), focaram nos temas regionais, esqueceram a questão nacional, especialmente a relação com o governo Lula, e se acomodaram em torno de coligação muito ampla, com candidato extremamente competitivo. Então, em certa medida, os dois anularam essas variáveis que foram responsáveis pela derrota dos senadores de oposição que não conseguiram renovar o mandato.”
Foto: Agência Senado
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