'Oposição está descolada do Brasil real', diz Eduardo Campos

Fabio Victor, folha.com

“Governador mais bem avaliado do país, segundo o Datafolha, e com uma reeleição consagradora quase certa em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) desconversa sobre suas pretensões nacionais para os próximos anos.

Em entrevista à Folha, entretanto, fala como liderança nacional. Analisa os erros dos adversários dele e do presidente Lula, chama a oposição para um diálogo mais sereno após a eleição e aponta suas articulações com o presidente para criar uma "frente ampla" de aliados.

Apoiado por uma megacoalizão de 15 partidos, Campos tem entre 67% (Datafolha) e 73% (Ibope), contra 19% (ou 17% no Ibope) de Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Ele falou à Folha na noite da segunda-feira passada, em seu gabinete no palácio do Campo das Princesas, o mesmo no qual seu avô Miguel Arraes foi preso por tropas do Exército em 1964.

Pernambuco é o Estado onde o presidente Lula tem a melhor avaliação, e o sr. é o governador mais bem avaliado. Quanto do desempenho do seu governo deve ser creditado a Lula?
Eduardo Campos - O presidente Lula é bem avaliado em Pernambuco por justa razão. Primeiro ele é pernambucano. Segundo, ele tem feito um governo que deu oportunidade de Pernambuco tirar do papel velhos sonhos, bandeiras de anos e anos de luta, como a refinaria de petróleo, como a Transnordestina, como a transposição [do rio São Francisco], como estaleiros.
E nós tivemos de oportunidade, ao longo desses 3,8 anos, de fazer um governo que implantou um modelo de gestão, que é inovador no serviço público, que alia a participação social na definição das prioridades à busca da eficiência no gasto público, com ferramentas de gestão que ainda são próprias de muitas grandes empresas mas de poucas gestões públicas.
Tivemos parcerias muito fortes com o presidente Lula, na área da interiorização do ensino superior, das escolas técnicas, dos investimentos do PAC em água e saneamento, em rodovias. Um volume de investimentos que Pernambuco não assistia há muitos anos.
Mas eu costumo, nas nossas andanças aqui, ouvir do povo um ditado: não tem vento bom pra quem não sabe para onde quer ir. Cuidamos de levar bons projetos, de mostrar que o nosso time sabe fazer. Porque às vezes as pessoas sabem muito pedir ao governo federal, mas não sabem transformar o ok em realidade.
E sobretudo eu não fui fazer como a velha política nordestina fazia junto aos presidentes, de ir atrás de cargos e favores. Eu fui buscar resultado para o povo: trazer empresa, universidade, escola técnica, saneamento, água, investimentos que transformam a vida das pessoas.

Parece-me que a sua relação com o presidente Lula transcende as parcerias administrativas, chegando a uma sintonia política e afetiva, uma amizade. De que tecido é feita essa relação?
Eu tive a oportunidade de conhecer o Lula muito jovem, com 14 anos. Ele veio em 1979 a Pernambuco para a volta do meu avô do exílio. Foi a única atividade de volta de exilados de que ele participou, e ele esteve na minha casa aguardando o dr. Arraes. Dali em diante, participei, muitas vezes acompanhando o dr. Arraes, de muitos momentos da vida pública brasileira, nas campanhas pelas Diretas, nas atividades da Constituinte, em campanhas políticas com o presidente Lula, em quem eu votei desde 1989. E depois, quando ele chega à Presidência, eu estava no Congresso, como deputado, liderando o PSB, que o apoiou no segundo turno. Foi um ano muito intenso de trabalho no Congresso, de reformas, de construção de uma base política. E depois servi ao governo do presidente Lula como ministro. Então, ao longo dessa caminhada, as pessoas da minha geração foram marcadas pela presença do presidente Lula de forma intensa na vida brasileira.
E fomos construindo uma relação política muito forte, uma relação de muito respeito que eu tenho a ele. Tive oportunidade de trabalhar com dois brasileiros que foram muito importantes na minha formação: o meu avô, governador Miguel Arraes, e o presidente Lula.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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