Poder e Política

Jorge Furtado, Casa de Cinema de Porto Alegre

"Na última reforma da Folha de S.Paulo o caderno de política, que se chamava "Brasil", virou “Poder”. A Política é um substantivo feminino, dizem até que é uma ciência, mas não é um verbo. (O verbo é politicar - ocupar-se de política, fazer política - de pouco uso, não me lembro de nenhum político confessar ter politicado ou prometer, se for eleito, politicar muito.) Já o Poder tem a força do verbo e do substantivo, que no caso é macho, os dois usadíssimos e cobiçados, parece que todos querem o substantivo para livremente usar o verbo, quanto mais, melhor.

A impressão é que todos, desde os editores e comentaristas dos jornais mais zezistas (ex-serristas) aos grandes amigos e aliados do Zé, acreditam que a luta pelo poder está terminada: Dilma vai ganhar e, portanto, o Zé vai perder. O resultado da luta pelo poder em Brasília parece mesmo irreversível, em primeiro ou segundo turno, mas a luta política não tem data para terminar, antes ou depois da eleição.

Urgente é melhorar o nível do debate público, expurgar do discurso os adjetivos em excesso, piadinhas, palavrões, preconceitos, grosserias, birras, implicâncias, superficialidade, pontos de exclamação, chutação de números sem fonte, vazamentos seletivos, fontes anônimas usando jornais para fazer negociatas, argumentos tolos exaustivamente desmontados e ainda assim repetidos sem trégua, fichas falsas, bilhetinhos e fofocas que viram dossiês, mentiras grossas, etc.

Os blogs – e seus divulgadores, twitters e tais – já mudaram a lógica da mídia. Seria uma boa idéia que tentassem cada vez mais falar sério (ainda que com bom humor), compartilhando informações e análises e não estados de espírito e picuinhas.

O mais urgente, acho, é eliminar do discurso a falácia “envenenar o poço”, desonestidade intelectual que consiste em, num debate, ao invés de debater o argumento, combater o próprio oponente, é o tal “assassinato de reputação”, que grassa em diferentes intensidades por blogs, sites, jornais, tevês e rádios.

José diz: “Pedro é um ladrão”. Pedro responde: “José é um mentiroso”.
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