Dal Marcondes, CartaCapital

Para José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, o fim dos combustíveis não renováveis está longe

Dal Marcondes, CartaCapital

Nos últimos anos, a Petrobras enfrenta uma série de críticas por sua atuação em relação a questões ambientais. Em 2008, foi protagonista de um dos episódios mais polêmicos do cenário dos debates ao ter suas ações excluídas do cálculo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo. Episódio que também resultou na suspensão da representação do Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial do conselho do ISE. Tudo porque havia uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) a prever a redução dos índices de enxofre (um elemento muito poluente) no diesel oferecido para a frota brasileira de ônibus e caminhões.

Para muita gente ligada ao movimento pela sustentabilidade, o afastamento da Petrobras das discussões com ONGs, principalmente de São Paulo, foi uma perda, pois a estatal é responsável por grande parte da energia que move o Brasil, além de ser um dos principais investidores em projetos ambientais em andamento no País. A Petrobras é criticada por explorar um recurso natural não renovável e que responde pela maior parte das emissões de gases estufa, causadores das mudanças climáticas globais.

José Sergio Gabrielli esteve na Conferência Internacional do Instituto Ethos de 2010, em maio. Falou com jornalistas e uma plateia de especialistas e executivos de empresas. A seguir, os principais trechos da conversa com Gabrielli.

Tecnologia - A descoberta do pré-sal foi resultado de trabalho, de muita investigação e de muita tecnologia aplicada. Os seres humanos se organizaram há milhares de anos e o elemento fundamental que levou a transformações foi a capacidade de usar energia para modificar os produtos com os quais se relacionavam. Foi a capacidade de transformar minerais em alguma coisa, foi o ato de cozinhar que transformou o selvagem no civilizado. E cozinhar implica transformação de energia. Então, desde a origem dos seres humanos, cresce o uso da energia.

A energia que a sociedade “deseja” - Quase 90% – exatamente 87% – da energia no mundo vem de fontes não renováveis, apenas 13% vem de fontes renováveis. O mais grave é que, das renováveis, 10% é lenha, queima de madeira. O Brasil tem 47% de renováveis, sendo 15% de hidroeletricidade, e 16% de produtos da cana. Essa matriz brasileira é praticamente única entre os grandes países do mundo. Temos a mais limpa matriz energética do mundo. As projeções para 2030 mostram que o mundo vai baixar de 87% para 86% o porcentual de uso de fontes não renováveis. As renováveis vão sair de 13% para 14%. Praticamente não haverá alterações importantes da matriz energética de hoje para 2030. Essa é a realidade que temos, uma realidade dura, complicada.

Nesse sentido, é fundamental que o uso da energia existente seja mais eficiente. Considerando que a demanda de petróleo se mantém relativamente estável, com crescimento em torno de 1% ao ano, vamos precisar adicionar, até 2030, entre 65 milhões e 78 milhões de barris a mais para atender à demanda. Esse é um desafio enorme. O pré-sal brasileiro é a principal e maior fonte adicional de petróleo conhecida hoje no mundo.
A Petrobras está ampliando sua participação na área dos biocombustíveis. Existe a perspectiva de dobrar a participação na matriz energética mundial, de 0,4% para 1%. No Brasil é diferente, temos hoje 51% dos veículos leves abastecidos com etanol. A gasolina é o combustível alternativo no Brasil. A expectativa é de que em 2020, mais de dois terços, 70% do mercado, serão supridos pelo etanol. Na área de biodiesel existe uma adição de 5% de biodiesel ao diesel brasileiro.”
Foto: AG. Petrobras
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