Um chargista armado pela paz

"O carioca Carlos Latuff não acredita em punição a Israel e não enxerga possibilidade de paz na região enquanto Benjamin Netanyahu for o primeiro-ministro israelense

Bruno Huberman, CartaCapital

Israel passou dos limites. Os ataques a “Flotilha da Liberdade”, grupo de barcos de ajuda humanitária que seguiam para a Faixa de Gaza, na Palestina, na segunda-feira, causaram furor internacional e foram chamados de “derramamento de sangue” pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) Ban Ki-moon. O Conselho de Segurança, em reunião emergencial em Nova York, exigiu uma investigação detalhada do “incidente”. O chargista Carlos Latuff, seguindo o histórico de impunidade as várias formas de truculência por parte do governo de Israel, não acredita que será dessa vez que o país sofrerá sanções da ONU.

O carioca Latuff, que herdou o sobrenome do avô libanês Nagib, vem militando a favor da causa palestina desde que fez uma viagem aos territórios ocupados da Cisjordânia em 1999. Tem na charge, ofício que exerce de forma política há 20 anos desde que começou a desenhar para publicações sindicais, seu meio de expressão para mostrar de maneira mais explícita e artística um contraponto que você não encontra nos grandes meios de comunicação.

Latuff se tornou um artista bastante controverso ao botar o dedo na ferida de assuntos delicados como o imperialismo estadunidense e a violação dos direitos humanos, mas tem na aparente insolúvel situação entre Israel e Palestina o seu principal nicho de manifestação artística. Abaixo leia entrevista concedida por Latuff a CartaCapital em que fala sobre a proteção internacional dos EUA a Israel e as possíveis soluções para uma paz entre israelenses e palestinos.

CartaCapital: Como você vê esse ataque israelense a "Flotilha da Liberdade"?
Carlos Latuff: Há muito que Israel mata manifestantes desarmados. Foi assim com Rachel Corrie, esmagada por um trator israelense em 2003 quando tentava impedir a demolição de uma residência palestina e com Tom Hurndall que levou um tiro na cabeça de um atirador de elite israelense em 2004. Sem falar nos jovens palestinos abatidos a tiros quase todos os dias em protestos na Cisjordânia, que tem pouca ou
nenhuma cobertura da mídia.

CC: Qual tipo de punição você acha que seria justa a Israel?
CL: A única punição que Israel recebeu até hoje foram de grupos como Hamas e Hezbollah, já que os Estados Unidos preservam seu satélite de qualquer tipo de sanção legal por parte das Nações Unidas. Obama e Hillary Clinton falam de sanções contra o Irã todos os dias, falam que "todas opções estão na mesa" contra Teerã, mas quando se trata de Tel Aviv, nenhum tipo de reprimenda, por mais leve que seja, é levada a cabo. É Washington que faz Israel imune as leis internacionais.”
Entrevista Completa, ::Aqui::

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