A síndrome de vira-latas

Mair Pena Neto, Direto da Redação

“Circula na internet um excelente artigo de Leonardo Boff, no qual ele trata o comportamento da imprensa brasileira na cobertura da política externa do governo Lula sob a ótica da Fenomenologia do Espírito, de Hegel, que analisa a dialética do senhor e do servo. “O senhor se torna tanto mais senhor quanto mais o servo internaliza em si o senhor, o que aprofunda ainda mais seu estado de servo.” (*)

Boff identifica este comportamento na imprensa brasileira, que já se revela há muito tempo, mas ficou ainda mais explícito na mediação conduzida por Lula e pelo primeiro-ministro da Turquia da crise nuclear iraniana. O sucesso da missão de Lula, reconhecido na maior parte do mundo, foi negado pela imprensa brasileira, que tentou desqualificá-la com argumentos dignos dos mais raivosos falcões norte-americanos.

Para Boff, as opiniões da imprensa brasileira e da maioria de seus colunistas revelam que essas pessoas “têm saudades deste senhor imperial internalizado” e “não admitem que o Brasil ganhe relevância mundial e se transforme num ator político importante”. “Querem vê-lo no lugar que lhe cabe: na periferia colonial, alinhado ao patrão imperial, qual cão amestrado e vira-lata.”

Afinal, onde já se viu um presidente brasileiro não se levantar para o presidente norte-americano, como fez Lula em 2003, durante a reunião do G8, em Evian, na França. Questionado sobre a atitude, já que os demais presentes se levantaram, Lula respondeu singelamente: “Ninguém se levantou quando eu entrei.”
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