Dunga divide e racha com a Globo, que reage

Bob Fernandes, Terra Magazine

“Soccer City, caminho entre o estádio e as tendas da FIFA que abrigam o Centro de Mídia. Galvão Bueno, Arnaldo Cezar Coelho e o diretor da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima conversam, não escondem a irritação e nem se preocupam com quem passa ao lado e ouve. O alvo é o técnico da seleção brasileira, Dunga. Minutos antes, na coletiva pós Brasil x Costa do Marfim o técnico, numa dividida bem a seu estilo, deu na canela do comentarista Alex Escobar, da Globo.

Luiz Fernando Lima lembra as conversas recentes da emissora com Dunga, já na África do Sul:

- Falamos com ele duas vezes e ele não consegue entender que não é "a Globo", ele está falando para todo o país...

Seguem as observações do grupo, sempre ferinas. Um deles chega a dizer: - ...e a única coisa que eu acho que ele aprendeu em quatro anos foi falar 'conosco' e não mais 'com nós' como sempre fez...
A cena do entrevero de Dunga para com Escobar pode ser vista aqui, no YouTube.

Poucas horas depois, no que pode ser o início de uma escalada, um dos apresentadores do programa, Tadeu Schmidt, da África para o "Fantástico" mandou uma reportagem sobre a rusga. Soou mais a um editorial da emissora.

Essa é, sem dúvida alguma, uma crise a rondar a seleção brasileira. Mas uma crise em tudo diferente das que envolvem a França e a Inglaterra, seleções que vivem crises internas, para dentro do elenco.

Anelka x o técnico Domenech, o capitão Evra contra o preparador físico, Zidane nos bastidores, sacodem a França. Até o presidente Sarkozy já palpitou. (De Carla Bruni ainda não ouvimos nada).

Na Inglaterra, o trivial básico: o ex-capitão Terry, que já derrubou Mourinho e Felipão no Chelsea, agora pôs a boca no trombone, e na mídia, contra o técnico italiano da seleção, Fabio Capello.

A crise que ronda o Brasil é uma crise para fora, que não envolve os jogadores. É uma crise de poder.

De um lado o poderoso sistema Globo, que carregou 300 profissionais para a África do Sul e quer um retorno para tanto. Em outras palavras, deseja o que querem os quase mil profissionais do Brasil que aqui estão: acesso. E quanto mais privilegiado, melhor.

Assim foi, assim é da índole e história da Globo, de emissora que no Brasil tenha a dimensão que ela tem.

O problema é que, na outra ponta, está Dunga, o Schwarzenegger. E como sabemos desde quando ele era o pitbull da seleção amarela, quando divide, o Dunga racha.”
Matéria Completa, ::Aqui::

Comentários

Unknown disse…
Gosto muito do reporte, assim como do DUNGA, acho que poderemos culpar a ambos por uma possível, derrota do Brasil. Ninguém está acima do bem ou do mal. Alguns bons jornalistas as vezes se acham também o tal, assim como o técnico DUNGA, vamos baixar a bola de todos para não prejudicar a seleção, acho até que há uma vontade de desagregar o grupo.