Coordenador da campanha de Dilma diz que conversas com Lula são em "menor número do que o ideal"

José Eduardo Dutra diz que candidata ganhou força na pré-campanha e nega intransigência

Wanderley Preite Sobrinho, do R7

Dilma Rousseff não participou da fundação do PT, nunca se candidatou a um cargo eletivo e ninguém no partido sabia bem quem ela era até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a escolher para sucedê-lo no Palácio do Planalto. Sob o olhar desconfiado da cúpula do PT, dos militantes e da oposição, Dilma começou a pré-campanha sendo tratada como candidata-marionete, mas provou que não era um poste e que tinha força para tomar as rédeas da campanha.

Na entrevista abaixo, o presidente nacional do PT e coordenador-geral da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra, conta como a ex-ministra ganhou desenvoltura durante a pré-campanha até a convenção do partido que a ratificou como candidata à Presidência da República, neste domingo (13) em Brasília. Em menos de um mês, ela enterrou a candidata paz e amor, cobrou dos caciques do partido a definição de papéis em sua campanha e mandou rasgar e jogar no lixo qualquer dossiê que pudesse transformar seu comitê eleitoral em um quartel de aloprados.

Dutra diz que Dilma não é uma pessoa intransigente e garante que é ela quem manda na campanha, até porque os pitacos de Lula acontecem bem menos do que o “ideal”. Conformado em não disputar um cargo eletivo este ano, Dutra admite que é mais fácil presidir a gigante Petrobras que colocar ordem no PT.

R7 – Dilma parece mais desenvolta em público agora do que no começo da pré-campanha. A coordenação desistiu da Dilma paz e amor?

José Eduardo Dutra - Campanha eleitoral é igual andar de bicicleta: se aprende andando. É claro que tem alguns toques tradicionais. Mas em momento algum tentamos descaracterizá-la. Até porque quem tenta falsificar um candidato se dá mal. O eleitor percebe. Então, na verdade, ela está pegando traquejo, e isso não é só orientação e treino. É o cotidiano da campanha, que está mostrando que ela tem de ser ela mesma.

R7 – O fato de ela ter descolado do Lula ao sair do governo para fazer campanha deixou ela mais à vontade?

Dutra – Desde o início já estava previsto que ela passaria por um período de afirmação enquanto candidata. A oposição tenta desqualificá-la dizendo que ela só dá volta com o carro do Lula. É lógico que o Lula tem influência. O Lula e o governo. Mas ela está crescendo nas pesquisas porque a população aprova o governo, aprova o Lula e vê nela uma pessoa capaz de continuar o governo. Quem vai ser votada vai ser a Dilma, não o Lula.

R7 – De fora, a impressão é de que ela participa pouco das decisões da campanha...

Dutra – As grandes questões são discutidas com a participação dela. Nós não levamos prato feito pra Dilma. Isso não acontece em nenhuma campanha. O candidato é o principal condutor da campanha. Não existe um cenário em que a coordenação imponha um modelo, uma agenda e diz “fala isso e aquilo”. Qualquer campanha que faça isso está fadada à derrota porque é o candidato que se impõe.

R7 – E é difícil dobrá-la?

Dutra – Eu convivi mais com ela quando eu estava na Petrobras e ela era ministra de Minas e Energia. Ao contrário do que pensam alguns, ela não é uma pessoa intransigente. Mas é uma pessoa que quer ser convencida e, quando isso acontece, ela muda de opinião.”
Foto: ABr
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