Saída de Ciro favorece Serra, mas só no início

Eleitores de Ciro, por não saberem que Serra é do PSDB nem que Dilma é a candidata de Lula, optarão pelo nome mais conhecido, nas pesquisas de maio e talvez de junho. O PT terá de controlar a ansiedade e o salto alto”

Antônio Augusto de Queiroz, Congresso em Foco

O PT e o presidente Lula irão precisar de nervos de aço nos próximos meses, especialmente em maio, quando a tendência é que José Serra, beneficiado pela saída de Ciro, alargue sua vantagem nas pesquisas sobre Dilma. Será um período de transição de um a dois meses, mas logo a candidata do PT voltará a crescer.

O eventual crescimento do candidato do PSDB, com a transferência de votos num primeiro momento da maioria dos eleitores de Ciro, decorrerá, de um lado, da desinformação do eleitor sobre a candidata oficial, e, de outro, do fato de o nome de Serra ser mais familiar ao eleitor. Ou seja, boa parte dos eleitores de Ciro, por não saberem que Serra é do PSDB nem que Dilma é a candidata de Lula, optará pelo nome mais conhecido.

De fato, José Serra tem o nome mais conhecido e exposição positiva na mídia. Ele disputou a eleição presidencial em 2002, foi prefeito, governador, deputado federal e senador, enquanto Dilma só ganhou visibilidade no governo Lula e, com mais exposição, quando assumiu a chefia da Casa Civil, após a saída de José Dirceu em junho de 2005.

Nesse período, o fundamental para os aliados de Dilma será segurar a ansiedade, gerenciar expectativas, e controlar o salto alto do presidente, que precisa ser mais humilde, inclusive para que seu partido, o PT, também o seja. Se não forem prudentes, poderão colocar a eleição de Dilma em risco, porque a pressão psicológica será grande, com o crescimento do principal adversário nas pesquisas em maio e talvez em junho.

A explicação para o provável crescimento de Serra é razoavelmente simples. Segundo a última pesquisa Ibope, quando o nome de Ciro era excluído da lista de candidatos, a migração de seus votos para Dilma era de apenas 33%, enquanto para Serra era de 44%. Pela pesquisa Sensus, a migração era de somente 16% para Dilma e 41% para Serra.

Aqui cabe um parêntese para uma explicação. Como o PSDB acusou a pesquisa Sensus de manipular dados, vai voltar à carga nas próximas pesquisas dizendo que tinha razão, já que a diferença entre a última e a próxima pesquisa Sensus será grande. Mas isso será explicado pela transferência de voto do eleitor de Ciro para Serra, que, pela pesquisa Sensus, previa 41% contra apenas 16% para Dilma.

O segundo aspecto, da desinformação do eleitor, possui dupla dimensão. A primeira diz respeito ao eleitor de Ciro, que, segundo o Datafolha, está concentrado em mais de um terço no Nordeste, sendo 16% do total só no estado do Ceará, que é governado pelo irmão dele, Cid Gomes (PSB).”
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