“O quadro é favorável a Lula e Dilma. Mas quadro favorável não é favoritismo
Carla Kreefft, O Tempo
Se 2009, na avaliação de muitos, ficou devendo do ponto de vista da política, a expectativa para 2010 é bem diferente. Somente o fato de haver uma eleição tão ampla - presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais - já é motivo para muita movimentação. Mas o pleito de 2010 ainda reserva algumas características inovadoras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é candidato, pela primeira vez concorrerá uma mulher em condições reais de uma vitória e essa mulher conta com o apoio de um presidente que é dono de popularidade nunca antes registrada. Do outro lado, o PSDB, que encarna a oposição ao presidente Lula, ainda não descobriu uma pegada forte para fazer a polarização com a candidata governista e vai para a corrida com um nome conhecido e um pouco desgastado.
No primeiro momento, o quadro é realmente muito favorável a Lula e Dilma Rousseff. Mas quadro favorável não é favoritismo. O interessante é que no pleito de 2010, a candidata que reúne as condições mais propícias, segundo as pesquisas, não é a favorita. O governador paulista, o tucano José Serra, é quem lidera o ranking das intenções de votos. Ele é mais conhecido do que a ministra da Casa Civil e conta com uma boa aprovação popular em São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do país. A diferença entre o conhecimento e o desconhecimento dá a Serra uma margem confortável, mas é somente uma folga para a arrancada. Não existe nenhum dado que possa assegurar que essa margem será contínua durante todo o processo eleitoral. Assim como também não há nenhum indício de que a ministra vai conseguir alcançá-lo e ultrapassá-lo nas intenções de voto.
Ou seja, a eleição será disputada - um quebra-cabeça que já começou e ninguém sabe quem vai conseguir montá-lo primeiro. E, como dizem os marqueteiros, em uma eleição disputada, ganha quem erra menos. Tal como em uma partida de futebol, vence aquele que conseguir fazer mais gols, independentemente dos desempenhos em campo. Quem errar menos e tiver a melhor pontaria deverá ser o campeão - ainda que o adversário tenha mais domínio de bola e seja tecnicamente superior.
Portanto, qualquer tropeço pode ser fatal. Levar um gol no início do primeiro tempo é algo altamente indesejável, pois levaria o adversário a se fechar e passar a jogar primordialmente no contra-ataque. Com um placar desfavorável, não existe outra opção diferente do que atacar, deixando a defesa desguarnecida. Portanto, de janeiro a abril, o que deverá acontecer é um jogo cauteloso. Ninguém vai arriscar grandes jogadas. Mas depois desse prazo, tudo pode acontecer. Surpresas e jogadas imprevisíveis estarão no esquema tático. Afinal, um deles terá que levar o caneco. Não há empate.”
Carla Kreefft, O Tempo
Se 2009, na avaliação de muitos, ficou devendo do ponto de vista da política, a expectativa para 2010 é bem diferente. Somente o fato de haver uma eleição tão ampla - presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais - já é motivo para muita movimentação. Mas o pleito de 2010 ainda reserva algumas características inovadoras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é candidato, pela primeira vez concorrerá uma mulher em condições reais de uma vitória e essa mulher conta com o apoio de um presidente que é dono de popularidade nunca antes registrada. Do outro lado, o PSDB, que encarna a oposição ao presidente Lula, ainda não descobriu uma pegada forte para fazer a polarização com a candidata governista e vai para a corrida com um nome conhecido e um pouco desgastado.
No primeiro momento, o quadro é realmente muito favorável a Lula e Dilma Rousseff. Mas quadro favorável não é favoritismo. O interessante é que no pleito de 2010, a candidata que reúne as condições mais propícias, segundo as pesquisas, não é a favorita. O governador paulista, o tucano José Serra, é quem lidera o ranking das intenções de votos. Ele é mais conhecido do que a ministra da Casa Civil e conta com uma boa aprovação popular em São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do país. A diferença entre o conhecimento e o desconhecimento dá a Serra uma margem confortável, mas é somente uma folga para a arrancada. Não existe nenhum dado que possa assegurar que essa margem será contínua durante todo o processo eleitoral. Assim como também não há nenhum indício de que a ministra vai conseguir alcançá-lo e ultrapassá-lo nas intenções de voto.
Ou seja, a eleição será disputada - um quebra-cabeça que já começou e ninguém sabe quem vai conseguir montá-lo primeiro. E, como dizem os marqueteiros, em uma eleição disputada, ganha quem erra menos. Tal como em uma partida de futebol, vence aquele que conseguir fazer mais gols, independentemente dos desempenhos em campo. Quem errar menos e tiver a melhor pontaria deverá ser o campeão - ainda que o adversário tenha mais domínio de bola e seja tecnicamente superior.
Portanto, qualquer tropeço pode ser fatal. Levar um gol no início do primeiro tempo é algo altamente indesejável, pois levaria o adversário a se fechar e passar a jogar primordialmente no contra-ataque. Com um placar desfavorável, não existe outra opção diferente do que atacar, deixando a defesa desguarnecida. Portanto, de janeiro a abril, o que deverá acontecer é um jogo cauteloso. Ninguém vai arriscar grandes jogadas. Mas depois desse prazo, tudo pode acontecer. Surpresas e jogadas imprevisíveis estarão no esquema tático. Afinal, um deles terá que levar o caneco. Não há empate.”
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