Azedume

O presidente Lula foi eleito o personagem do ano por El País*. O jornal espanhol publicou neste domingo (13/12) suplemento especial (ver capa acima) com a lista das 100 personalidades íbero-americanas que mais se destacaram em 2009. O perfil de Lula foi escrito pelo primeiro-ministro da Espanha: “Este es un hombre cabal y tenaz, por el que siento una profunda admiración”, disse José Luis Zapatero. Não consta repercussão desse fato na mídia tupiniquim.

Sidnei Liberal, Vermelho.org

A mídia hegemônica nacional tem preferido praticar o que o jornalista Luis Nassif denominou de “jornalismo esgoto” e fazer apologia ao complexo de vira-lata rodriguiano que afeta alguns brasileiros. A nova postura do Brasil no cenário internacional parece ameaçar os dutos coronarianos de conhecidos colunistas e articulistas dos principais jornais. Tira-lhes o sono e os faz espumar pelas ventas a soberana postura brasileira nos principais foros internacionais.

Não é sem razão que o próprio Lula, ao receber o prêmio de Brasileiro do Ano (o leitor não sabia?), oferecido pela revista Isto É, fez severas críticas à cobertura da imprensa durante a crise econômica mundial. "O Brasil tem uma coisa engraçada. Tem dia que você acorda, lê os jornais, e a vontade é de se matar. Porque o mundo está acabando. Se vocês então ficarem só na manchete, nem saiam de casa. Porque tem um certo azedume, aquela coisa tão azeda, sabe, que faz mal para o país”, disse o Presidente.

Mais recentemente, o “cabal y tenaz” presidente havia reclamado de justificada “azia” que a leitura da nossa mídia lhe causava. Mesmo acometida de intensa “indigestão”, a representação da nossa imprensa prefere sempre silenciar, fingir-se de morta, deixando de produzir uma profunda reflexão sobre a relevância dos seus conteúdos para a sociedade. Ao invés, um silêncio comprometedor que reforça a tese do “azedume”que nos remete à leitura comparativa de outras fontes mais distantes. Assim:

The Economist, sexta-feira (11/12), divulgou dados da pesquisa Latinobarômetro, realizada em 18 paises da América Latina, que mostram nossos governos com maior credibilidade que nossos exércitos e mais satisfação com nossas democracias. 58% são contra o golpe em Honduras. Aumenta o reconhecimento da influência do Brasil na Região. No BBC Brasil, quinta-feira (10/12), “Meio Ambiente. Obama elogia parceria de Brasil e Noruega para preservar Amazônia”.
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