"Sem o MST a reforma agrária demoraria mais uns cem anos"
Francisco Viana, Terra Magazine
"Nós jornalistas não fazemos a distinção entre notícia boa e notícia ruim. A notícia que é ruim para alguns é boa para outros. O que importa para nós é a notícia. Má notícia existe para vocês".
O autor dessas palavras falou numa oficina de trabalho que realizei na semana passada. Foi uma intervenção rápida. "Vocês" eram os participantes do evento. Será que é assim? E o velho ditado "Boa notícia não é notícia" onde fica? A notícia negativa é notícia negativa. É negativa para quem é o sujeito da notícia, também para quem a lê, quem por ela é atingido. Por exemplo, o caso do recente apagão de energia. Foi negativa para o governo, foi negativa para quem foi vitima do episódio. Teriam os jornalistas corrido em busca de informações, como correram, se a capacidade de oferta de energia tivesse duplicado no país?
Se a notícia fosse apenas notícia, a imprensa seria neutra. E estaria acima do bem e do mal. Não carregaria nas tintas, por exemplo, sobre as criticas a um governo de esquerda, nem elogiaria um governo de direita ou ao centro. Não é assim, nunca foi assim. E nunca será assim. A política não é neutra, a sociedade não é neutra. Por que a imprensa seria neutra? A idéia de que a notícia é absoluta, é uma realidade em si, brota e floresce do velho modelo liberal de fazer jornalismo.
E esse modelo está em crise. De um lado, porque derivou fortemente para o sensacional. A notícia virou espetáculo. Onde devia predominar o interesse público, predomina o interesse de causar impacto. Muitas vezes o título diz uma coisa, a notícia diz outra. Fontes que fazem denúncias se escondem por trás do anonimato. As questões são formuladas na forma de "pegadinhas" para enredar o entrevistado.
Os dois lados não são ouvidos. Assim, é que a notícia transforma-se em uma mercadoria como outra qualquer, produzida em série, sem grande visão critica, sem grande cuidado com a realidade factual ou a análise baseada nos fatos. Na guerra pela agilidade, a precisão é a primeira vitima. E vitimada a precisão, os fatos caem para plano secundário. Se tornam personagens de ficção.”
Foto Marcello Casal Jr., ABr
Artigo Completo, ::Aqui::
Francisco Viana, Terra Magazine
"Nós jornalistas não fazemos a distinção entre notícia boa e notícia ruim. A notícia que é ruim para alguns é boa para outros. O que importa para nós é a notícia. Má notícia existe para vocês".
O autor dessas palavras falou numa oficina de trabalho que realizei na semana passada. Foi uma intervenção rápida. "Vocês" eram os participantes do evento. Será que é assim? E o velho ditado "Boa notícia não é notícia" onde fica? A notícia negativa é notícia negativa. É negativa para quem é o sujeito da notícia, também para quem a lê, quem por ela é atingido. Por exemplo, o caso do recente apagão de energia. Foi negativa para o governo, foi negativa para quem foi vitima do episódio. Teriam os jornalistas corrido em busca de informações, como correram, se a capacidade de oferta de energia tivesse duplicado no país?
Se a notícia fosse apenas notícia, a imprensa seria neutra. E estaria acima do bem e do mal. Não carregaria nas tintas, por exemplo, sobre as criticas a um governo de esquerda, nem elogiaria um governo de direita ou ao centro. Não é assim, nunca foi assim. E nunca será assim. A política não é neutra, a sociedade não é neutra. Por que a imprensa seria neutra? A idéia de que a notícia é absoluta, é uma realidade em si, brota e floresce do velho modelo liberal de fazer jornalismo.
E esse modelo está em crise. De um lado, porque derivou fortemente para o sensacional. A notícia virou espetáculo. Onde devia predominar o interesse público, predomina o interesse de causar impacto. Muitas vezes o título diz uma coisa, a notícia diz outra. Fontes que fazem denúncias se escondem por trás do anonimato. As questões são formuladas na forma de "pegadinhas" para enredar o entrevistado.
Os dois lados não são ouvidos. Assim, é que a notícia transforma-se em uma mercadoria como outra qualquer, produzida em série, sem grande visão critica, sem grande cuidado com a realidade factual ou a análise baseada nos fatos. Na guerra pela agilidade, a precisão é a primeira vitima. E vitimada a precisão, os fatos caem para plano secundário. Se tornam personagens de ficção.”
Foto Marcello Casal Jr., ABr
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