Lula reza, chora, supera Obama e dá show em Copenhague

Antonio Prada, Portal Terra / JB Online

“Cinco minutos antes do início da cerimônia de anúncio da sede da Olimpíada de 2016, o presidente Lula, que estava no hotel esperando a escalada da votação, chega ao auditório do Bella Center. Carrega um séquito de seguranças, ministros e assessores. O solene e sóbrio evento do Comitê Olímpico Internacional (COI) tinha roteiro e, se fosse qualquer outro país, seria seguido à risca. Mas lá vai Lula, roubando olhares e palmas de uma plateia que muitas vezes não demonstra qualquer emoção.

Lula senta-se na primeira fila. Nervoso e impaciente, levanta-se e tenta cruzar todo o palco, talvez para cumprimentar o companheiro José Luis Zapatero, chefe de Estado espanhol e rival nesse embate olímpico. Na mesma hora a voz do microfone anuncia: "dois minutos para começar". Lula é içado, dá uma paradinha que lembra aquela do Rubinho Barrichello no pódio. Senta novamente. Arranca gargalhadas da plateia. O protocolo se desespera. Timidamente.

Mais ainda dá tempo. Lula faz o sinal da cruz. Sentado do lado oposto, de frente, Joseph Blatter, presidente da Fifa e membro do COI, com direito a voto, não tira os olhos de Lula. Parece magnetizado. Cutuca os membros do COI ao lado. Repete o sinal da cruz de Lula, indicando a eles o gesto do presidente do Brasil. Ri. Balança a cabeça, como se dissesse que esse cara não existe. Muitos outros presentes não tiram o olhar do brasileiro.

Quando o presidente do COI, Jacques Rogge, pronuncia a palavra Rio de Janeiro e vira a placa, uma explosão de alegria do lado brasileiro. Lá está Lula pulando como um torcedor qualquer, abraçando todos, chorando como se fosse uma criança. Imediatamente tenta partir em direção à delegação espanhola. Não consegue. É bloqueado, como num jogo de futebol americano. Mas fura o bloqueio. Sob o comando de Lula, a comemoração brasileira em Copenhague vira carnaval baiano. Pipoca pura. Sem direção.

Segue a pipoca o sempre recatado escritor Paulo Coelho. "Pula, pula Paulo", incentiva uma brasileira. E Paulo pula. Lula e Pelé comemoram o gol da Olimpíada juntos, bandeira do Brasil nas costas. Juntam as lágrimas. Arrastam mais uma multidão. Lula para e faz questão de abraçar Juan Antonio Saramanch, 89 anos, ex-presidente do COI e artífice da candidatura de Madri, sentado no meio do tumulto. Dá um beijo na testa dele. Depois, segue em frente e finalmente encontra Zapatero. Trocam um forte abraço. Cochicham ao pé do ouvido, envolvidos por uma multidão, feito almôndegas.

Meia volta. Lula arrasta a turba de novo. Na contramão. Bandeira brasileira na mão. Vê Guga no caminho. "Guguinha, Guguinha. Me dá um abraço". Começa a cantoria. "Cidade maravilhosa cheia de encantos mil...". Lula agora vira puxador da alegria, seguido por Hortência, Janeth, Daiane dos Santos, Isabel Swan, César Cielo, Bernard.

Encontra Pelé de novo no caminho. Outro abração. Encorpado. A segurança vai arrastando Lula para fora do auditório, levando também alguns ministros, seguido por dezenas de câmeras. Pipoca política. Lula carrega a bandeira no ombro. Desce a escada. Já no hall inferior, desdobra a bandeira, ajudado por outras pessoas, e cria mais uma imagem que vai percorrer o mundo. Depois é carregado para uma sala.”
Foto: Reuters
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Rio2016 Instalações Olímpicas na cidade do Rio de Janeiro

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