Lula condena golpe de Estado em Honduras

Presidente brasileiro reiterou, em Nova York, que é preciso fortalecer a democracia na América Latina

Nalu Fernandes, O Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa da democracia existente no Brasil ao receber o prêmio Woodrow Wilson, em Nova York. O "Brasil é país de instituições sólidas e democráticas", discursou. Lula ainda deu o exemplo do governo de esquerda em El Salvador para citar uma ocorrência que classificou como "responsável" - a vitória nas eleições por meio de um processo democrático.

O presidente diz que nunca teve problema para aprovar nada que fosse importante no Congresso brasileiro. "Aqui o Obama está esperando um bocado de meses para aprovar o embaixador (dos EUA para o) Brasil e ainda não conseguiu. Embaixador eu indico com mais facilidade. Mas isto é democracia. É assim mesmo que as coisas funcionam", ponderou.

Na região, o presidente enumerou a "construção da Unasul, a construção do conselho de defesa sul-americana e o combate ao narcotráfico na Unasul". "O estabelecimento de uma política de convivência democrática é o sacrifício que temos de fazer", disse. A região, afirmou, é "pacifica, tranquila e democrática".

Lula diz não ter dúvida de que brasileiros e americanos precisam "cooperar para que possamos garantir que a democracia seja consolidada. Por isso é que Brasil e EUA repudiaram o que aconteceu em Honduras. Nos não podemos aceitar mais golpe militar. Não temos o direito de aceitar que alguém se ache no direito de tirar uma pessoa eleita democraticamente", asseverou. "A posição do Brasil e dos EUA juntos é importante porque fortalece a democracia", acrescentou.

Ao agradecer pelo recebimento do prêmio, Lula citou que, em dezembro de 2002, teve um encontro com o ex-presidente George W. Bush, pouco mais de um ano após o atentado terrorista ao World Trade Center. Ele lembra que o norte-americano estava "obsessivo" com o ataque e a necessidade de fazer a guerra contra o Iraque. Lula afirmou que compreendia o presidente dos EUA, mas que enfatizou que tinha outra guerra. "Eu dizia que a minha guerra é outra, é contra a fome. Temos 44 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza", relembrou. "Eu achava que Bush ia ficar bravo comigo, pois não queria aderir à guerra, mas ficamos amigos. Está certo que não conseguimos avançar na reforma da ONU, ou na rodada de Doha", lamentou.”
Foto: Dida Sampaio, AE

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