Democratas de ocasião

Paulo Moreira Leite, Época

Os conflitos em Honduras são um bom teste para as convicções democráticas — dos brasileiros.

Eu, você e as torcidas do Flamengo e do Corínthians já ouvimos críticas sem fim contra o papel do Brasil na crise. Essas críticas se acentuaram depois que o presidente deposto Manoel Zelaya conseguiu abrigo na embaixada do país em Tegucigalpa.

A maioria dos críticos diz que essa atuação brasileira é uma aventura demagógica, que se destina a proteger um político populista que tentou romper a Constituição de seu país. Já ouvi falar até em imperialismo tupiniquim.

São argumentos de ocasião, que revelam uma visão oportunista da democracia, que lembram uma antiga verdade sobre certos democratas brasileiros Eles combatem golpes de Estados quando prejudicam seus amigos. Fecham os olhos e até aplaudem quando derrubam seus inimigos.

Ocorre que não é a primeira vez que o Brasil tem uma intervenção tão clara para impedir um golpe de Estado num país estrangeiro. Em 1997, o governo de Fernando Henrique Cardoso articulou a resistência a um golpe militar no Paraguai.

Se você acha um escândalo abrir a embaixada para um presidente eleito nas urnas e deposto por militares quando dormia, é bom recordar como foi a atuação do Brasil naquele episódio. O comando do Exército brasileiro foi mobilizado, o país ameaçou fazer retaliações comerciais e até bloquear as fronteiras do país vizinho. FHC chegou a montar um gabinete de crise em Brasilia para acompanhar a situação.

Convencido de que corria o risco de ser deposto por militares de seu país, o presidente Juan Carlos Wasmosy fez uma viagem secreta a Brasília, em busca de proteção. Reuniu-se por duas horas e meia com FHC. A embaixada do Brasil, em Assunção, chegou a promover uma recepção com os principais líderes políticos do país, para deixar clara a oposição do governo FHC ao golpe.”
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