Grupos de direitos humanos pedem punição de Ustra

Para parentes de mortos, documento obtido pelo ?Estado? indica que tortura era política oficial

Marcelo Godoy, O Estado de São Paulo

Entidades ligadas aos familiares de mortos e desaparecidos políticos voltaram a defender que militares envolvidos em tortura, sequestros, execuções e desaparecimentos sejam processados. Para elas, o documento assinado pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra demonstrando que a cadeia hierárquica do 2º Exército sabia do destino do estudante Antônio dos Três Reis Oliveira e da operária Alceri Maria Gomes da Silva, que desapareceram em 1970, é prova de que os crimes cometidos pelos órgãos de segurança eram política de Estado.

"A consolidação da democracia requer a punição de torturadores e assassinos", afirmou Narciso Pires, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná. Ele foi amigo de infância de Oliveira em Apucarana (PR). Eles militaram no movimento estudantil até 1968. Então, Pires aderiu ao Partido Operário Comunista (POC) e Oliveira foi parar na Ação Libertadora Nacional (ALN).

Ustra é o primeiro dos oficiais que trabalharam nos órgãos de segurança da época a ser processado. Ele chefiou o Destacamento de Operações de Informações (DOI) de São Paulo, de 1970 a 1974. Já foi declarado torturador pela Justiça comum de São Paulo. Na Justiça Federal, a Procuradoria da República busca responsabilizá-lo por 47 mortes e centenas de casos de tortura. O objetivo é fazê-lo ressarcir a União por gastos com indenizações.”
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