E agora, Josés?

O importante é ver para onde essa caravana está indo, sob os latidos, ao lado, dos que viam nos governos latino-americanos de ou à esquerda apenas um bando de desengonçados eleitos e apoiados por um bando de gente mais desengonçada ainda: os nossos povos.

Flávio Aguiar, Carta Capital

Depois do término da Cúpula das Américas, no último fim de semana, em Trinidad-Tobago, restou um enigma para os nossos comentaristas da extrema à médio-direita na nossa mídia convencional. O campo de manobra deles está ficando cada vez mais estreito, embora continuem a se debater entre as micro e macro legendas que criaram, que vão desde a busca contínua por supostas gafes ou supostos erros de avaliação que ridicularizem o presidente Lula e nossa política externa, até a louvação – permanente, embora hoje mais mirrada, do deus-mercado que deveria tirar os pecados do mundo.

As loas aos mercados que sempre entoaram foram pulverizadas. Agora, os gestos trocados na cúpula, ainda que sejam nada mais mas nada menos do que gestos, jogaram mais areia ainda no teclado dos seus computadores.

O que fazer? Devem eles se debater entre perguntas e trejeitos de rosto. Claro, sempre resta o caminho de desqualificar o que houve na cúpula. “Foram sorrisos e apertos de mãos”, nada mais, sempre se pode dizer. Mas não se pode fugir do comentário que um analista conservador como Michael Shifter, do Inter-American Dialogue, registrou no The Guardian de 19/04, sobre o comportamento do presidente Obama: “He means business”, cuja tradução mais adequada é metafórica, “ele falou a sério”. Shifter não é um modelo para nossas análises e reflexões. Há tempos ele escreveu, por exemplo, um artigo no Washington Post em que comparava Fidel Castro e Pinochet, dizendo que a América Latina de agora fugia dos métodos de governo dos dois, mas buscava conciliar a política de mercado do segundo com a preocupação social do primeiro, o que equivale a dizer que o milagre do vinho estaria em algumas proporção da mistura de água com vinagre. Mas isso não quer dizer que um ponto de vista, ou uma observação de alguém como Shifter, vice-presidente de uma organização de análise sistemática do tema “América Latina”, seja irrelevante para nós. Exatamente por partir de alguém que definiríamos como sendo do campo conservador, ela é relevante: o campo que, na imprensa de fora do Brasil, os analistas conservadores da nossa deveriam ler com mais atenção.”
Matéria Completa, ::Aqui::

Comentários