Mauro Santayana, JB Online
“Hoje (não ontem) o golpe militar de 1964 faz 45 anos. Foi na primeira madrugada de abril que o presidente do Congresso declarou vaga a Presidência da República, com Jango em território nacional. A ditadura foi longa, perversa e sangrenta mentira, que prometia a ordem democrática e trouxe a tortura, os assassinatos, o medo e a corrupção. A mentira no poder por mais de duas décadas tornou-se uma vacina política. É quase impossível que haja outro golpe militar em nosso país.
A República fora uma aspiração civil a partir da Inconfidência Mineira, mas não seria proclamada em 1889 sem os militares. A Guerra do Paraguai e o Abolicionismo haviam reunido, em 1870, na mesma causa antimonárquica, paisanos e fardados. Até o golpe de 64, o poder de fato sobre a República foi disputado pelos bacharéis e militares. Depois de Deodoro e Floriano, os civis se revezaram na Presidência, sempre sob a pressão militar, até 1910, quando exerceram a Presidência com o marechal Hermes da Fonseca. No quatriênio seguinte, o mineiro Wenceslau Braz iniciou o processo de afirmação civil, que a morte de Pinheiro Machado, em 1915, facilitaria. Como assinalam historiadores do período, os levantes militares, pouco ou nada tinham de ideológicos. Foram, a partir de 22, manifestações corporativas contra a predominância do poder civil, que a eleição de Arthur Bernardes iria consolidar. O corporativismo é infecção crônica no Brasil. O pretexto para o levante dos 18 do Forte de Copacabana, foram cartas falsas, atribuídas a Bernardes, nas quais o marechal Hermes era chamado de "Sargentão".
Os tenentes só viriam a ter visão social do Brasil com a Coluna Prestes. Essa visão inverteria a razão dos tenentes de 22, levando-os à posição de esquerda da Aliança Liberal no movimento de 30. Os tenentes queriam o poder, certos de que só a força resolveria a questão social. Assim surgiu o movimento de 1935, que foi tipicamente militar, embora se identificasse com reduzido grupo de civis de esquerda. Frustrada a rebelião, continuou a tensão entre militares e políticos do Estado Novo, que só se entendiam no campo da direita mais reacionária. Continuou em 1945, com o putsch de 29 de outubro, contra Vargas, amainou-se no governo híbrido e chocho do marechal Dutra e se rearticulou contra o segundo governo de Vargas, levando-o ao suicídio em 54.”
Artigo Completo, ::Aqui::
“Hoje (não ontem) o golpe militar de 1964 faz 45 anos. Foi na primeira madrugada de abril que o presidente do Congresso declarou vaga a Presidência da República, com Jango em território nacional. A ditadura foi longa, perversa e sangrenta mentira, que prometia a ordem democrática e trouxe a tortura, os assassinatos, o medo e a corrupção. A mentira no poder por mais de duas décadas tornou-se uma vacina política. É quase impossível que haja outro golpe militar em nosso país.
A República fora uma aspiração civil a partir da Inconfidência Mineira, mas não seria proclamada em 1889 sem os militares. A Guerra do Paraguai e o Abolicionismo haviam reunido, em 1870, na mesma causa antimonárquica, paisanos e fardados. Até o golpe de 64, o poder de fato sobre a República foi disputado pelos bacharéis e militares. Depois de Deodoro e Floriano, os civis se revezaram na Presidência, sempre sob a pressão militar, até 1910, quando exerceram a Presidência com o marechal Hermes da Fonseca. No quatriênio seguinte, o mineiro Wenceslau Braz iniciou o processo de afirmação civil, que a morte de Pinheiro Machado, em 1915, facilitaria. Como assinalam historiadores do período, os levantes militares, pouco ou nada tinham de ideológicos. Foram, a partir de 22, manifestações corporativas contra a predominância do poder civil, que a eleição de Arthur Bernardes iria consolidar. O corporativismo é infecção crônica no Brasil. O pretexto para o levante dos 18 do Forte de Copacabana, foram cartas falsas, atribuídas a Bernardes, nas quais o marechal Hermes era chamado de "Sargentão".
Os tenentes só viriam a ter visão social do Brasil com a Coluna Prestes. Essa visão inverteria a razão dos tenentes de 22, levando-os à posição de esquerda da Aliança Liberal no movimento de 30. Os tenentes queriam o poder, certos de que só a força resolveria a questão social. Assim surgiu o movimento de 1935, que foi tipicamente militar, embora se identificasse com reduzido grupo de civis de esquerda. Frustrada a rebelião, continuou a tensão entre militares e políticos do Estado Novo, que só se entendiam no campo da direita mais reacionária. Continuou em 1945, com o putsch de 29 de outubro, contra Vargas, amainou-se no governo híbrido e chocho do marechal Dutra e se rearticulou contra o segundo governo de Vargas, levando-o ao suicídio em 54.”
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