Ação quer recolher revista que define cariocas como “máquina de sexo”´

“Uma publicação que chama as cariocas “popozudas” de “máquina de sexo” é alvo de uma ação movida pela AGU (Advocacia-Geral da União) a pedido da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) na Justiça Federal do Rio de Janeiro. O objetivo é retirar de circulação o guia “Rio for Parties” (Rio para festeiros), que estimula a exploração sexual e denigre a imagem das brasileiras.

Além de definir o carnaval como “festas ao ar livre com atividades de semi-orgia” e indicar locais para os turistas que buscam sexo no Rio, a revista classifica as cariocas em quatro tipos. As “popozudas” seriam um bom investimento, já que “o motel é sempre uma possibilidade com essas maravilhas”.

Na ação contra a Editora Solcat, que produz a revista, a AGU afirma que a publicação viola os princípios da Política Nacional de Turismo e a dignidade humana, “tendo em vista a exposição vexatória do povo brasileiro com o intuito de promover a exploração sexual”.
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Comentários

Anônimo disse…
A midia vende a imagem das popozudas e depois querem processar quem?
Quando vão mostrar as "belezas naturais" do Rio, a primeira imagem que aparece são aquelas centenas de bundas cobertas(?) apenas por um fio dental...
Anônimo disse…
O engraçado é que é verdade mesmo... não é ético nem legal para o país, mas essa "classificação" chega bem perto!!
Anônimo disse…
RECIPROCIDADE, RESGUARDO DA SOBERANIA OU INTERESSES DO
CAPITAL

João dos Santos Filho



Quando a Bolívia nacionalizou, a filial da Petrobrás em seu território, a multinacional brasileira do petróleo foi objeto, de uma onda natural e compreensível de nacionalismo. Parte da elite nacional exigia medidas drásticas, de retaliação por parte do governo brasileiro, para com o país vizinho, alguns membros da classe política chegaram a sugerir o envio de tropas militares à Bolívia, outros desclassificaram seu presidente, chamando-o de ditador fascista e comunista.
Tudo passou, Evo Morales brigou e cedeu, o Brasil amadureceu e renegociou, e a América Latina cresceu politicamente no campo econômico, cristalizando laços para uma luta coletiva, e sinalizando a formação de um bloco de poder latino, independente e voltado aos interesses de um nacionalismo de resultados.
Hoje, as velhas estruturas de poder, que nos saquearam por séculos, estão cientes que não podem continuar, com essa tosca prática de manejo de poder “colonialista”. Porque, existe um bloco de poder constituído na América do Sul, no campo da negociação coletiva, em que os interesses do continente latino começam a ensaiar um processo de auto-cooperação política, econômica e social intra e entre paises latinos.
O que significa afirmar, que o Capital, também divide o campo político, para poder acelerar e ampliar o processo de geral e transnacional de acumulação, garantindo certa autonomia para as negociações políticas locais. Com isso, a maioria dos latino-americanos tidos como “turistas” barrados nos aeroportos europeus, não devem considerar-se como objeto de perseguição por parte dos países europeus, mas, sim resultado dos interesses do Capital.
É evidente que a tradução desse processo explicita-se, por meio, de preconceitos diversos que são aflorados no interior da relação de hospitalidade, que se dá entre o “turista” latino e o europeu, como: etnocentrismo; racismo; concorrência no mercado de trabalho e o fetiche com referência a mulher e ao homem latino. Mas nada, é tão forte como o apelo ao erotismo e exotismo da mulher brasileira, que ainda toma conta de parte da mídia que mandamos para fora, bem como, publicações que de forma indireta timbram as brasileiras como concordes com o turismo sexual.
Uma das inúmeras publicações, que insinuam para tal estigma, pode ser visualizada e lido em um guia editado em inglês direcionado para turistas (homens) estrangeiros da editora Solcat . Em que o tratamento dado a mulher brasileira é extremamente humilhante e fere os princípios básicos dos Direitos Humanos.
Essa publicação já foi objeto de estudos acadêmicos, no qual o autor faz o seguinte comentário:
É desta forma que fica autorizado o capítulo “How to deal with Brazilian Women” (p. 113, ver o Grupo de Imagens II), em que a exemplo do que Borba fizera nas páginas anteriores, Nogueira também define os “quatro tipos da mulher brasileira (além da garota normal)”. São elas: as Britney Spears, contrapartes femininas dos Preppy-types e talvez a tradução possível para o que chamaríamos de “Patricinhas”, que são “as filhinhas de papai, ...lindas, mas que não deixam ninguém paquera-las”, sendo recomendado ao leitor nem se chegar perto delas; as Hippies ou Ravers que, sejam lá quem forem, são “fáceis de se chegar, boas de papo, difícil de beijar, fácil de beber e se divertir com elas” (grifo meu), praticamente dando como caminho das pedras e da cama embebedar tais garotas; a genérica categoria the 30 year old, de mulheres mais velhas que gostam de “se divertir, dançar, beber e beijar”, sendo recomendado que sejam tratadas “como damas, pois assim ... tratarão [o turista] como um rei, talvez não esta noite, mas amanhã com certeza”; e, por fim, as Popozudas, que são “maquinas de sexo, ... [que] malham, vestem calças apertadas, ... pintam o cabelo de louro e fazem de tudo para ficarem lindas. Um bom investimento, já que o motel é sempre uma possibilidade com estas gatas”. A categorização das cariocas, que segundo o guia “acreditam de coração que são as Garotas de Ipanema” (p.112), é feita portanto a partir da possibilidade do playboy/leitor construído pela publicação ter sexo ou não com elas, aparentemente a única interação possível.

Diante desses fatos, o governo é contraditório, investe em propagandas contra o turismo sexual, mas permite o uso da “Marca Brasil” em publicações de apelo sexual a mulher brasileira e especificamente carioca. Para não dizer, que o problema é gravíssimo, devemos entender que os fluxos de turistas estrangeiros que buscam a prática do turismo sexual no território brasileiro, são os compradores desse guia (Rio For Parties), pois o mesmo, é vendido no Brasil e no exterior.
Nesse sentido, não podemos abrir mão da reciprocidade, no tratamento ao turista estrangeiro, pois é uma questão de soberania em todos as circunstancias que a mesma possa significar. Ser barrado pela polícia no desembarque, quando chegamos a Europa pode ser expresso por referências de normas legais exigidas pelo país “hospitaleiro” , mas fazendo, uma análise profunda percebemos que a questão gira em torno dos interesses do Capital.
O Estado exige, e impõe as leis, como garantias para preservar a empregabilidade dos nacionais e diminuir os gastos do governo para com a assistência ao emigrante, como podemos perceber, mas seguintes normas gerais:
1. O passaporte só pode vencer três meses após o termino da viagem, ou seja, não pode extrapolar os 90 dias que o estrangeiro tem o direito para conseguir visto de viagens a negócio ou de turismo;
2. Apresentar reserva de hotel, passagem de ida e volta e seguro saúde com cobertura de 30 mil Euros;
3. Para ter acesso livre a Espanha, deve-se levar 57,06 Euros para cada dia de permanência. Em Portugal, são 75 Euros.

A idéia, que sustenta o ato de coibir a mobilidade geográfica dos indivíduos fere os direitos mais elementares de liberdade humana, e atende aos interesses do Capital, que necessita preservar a empregabilidade, para sua mão de obra nacional e manter um equilíbrio suportável do exército industrial de reserva. Essa é a verdadeira razão, do por que os Estados Nacionais estão afunilando a entrada de emigrantes, que podem vir, travestidos de turistas e estudantes.
Por isso, a manifestação do ato de barrar a entrada de brasileiros, nunca é explicitada pelos fatores acima expostos, mas sim, por meio de um velho etnocentrismo colonizador que se traduz pela humilhação ao brasileiro, por isso, devemos fazer uso do direito de reciprocidade e divulgar os atos de barbárie do qual somos objeto.
Bilds disse…
O que eu penso sobre mim, interessa somente para mim e não tem importância relevante para os outros; o que os outros pensam sobre mim, isto sim tem relevância para que seja criado um perfil sobre mim (ou de um povo).
O que vocês acham que o mundo pensa sobre o brasileiro?
O mundo inteiro conhece o Brasil pela TV, onde é mostrado diariamente os absurdos que acontecem no governo, na política em geral e no mercado (riem de nós, pois, ações como estas são ERRADAS lá fora e quem faz isso é punido de verdade). Em conversas com amigos que moram no Japão, há alguns anos atrás, quando um brasileiro entrava em um supermercado, era comunicado nos auto-falantes internos, que havia um brasileiro no recinto e que era para tomar cuidado com bolsas e carteiras.
O mundo inteiro conhece o Brasil pela TV, onde é mostrado diariamente as belezas naturais do Brasil; bundas saradas em closes, que por pouco não mostram o interior do corpo humano. O mundo inteiro sabe que a apresentadora infantil de maior sucesso de todos os tempos é um símbolo sexual que vendeu seu corpo com fotos íntimas e filmes pornôs, sendo que em um deles, seduzia uma criança (e é quem realmente educa as crianças de hoje e de várias gerações atrás, a tv).
O mundo inteiro conhece o Carnaval (festa da carne) do Brasil, o mundo inteiro conhece o Funk (dança do acasalamento) do Brasil; o que será que pensam sobre isso?
Em conversas com amigos estrangeiros, citam que nossa imagem lá, é de um povo atrasado e selvagem, como índios (percebe-se esta visão no filme TURISTAS); que vivemos pelados (a grande maioria das imagens que vai para o exterior é do Rio de Janeiro) e que somos vistos como objetos sexuais de mercado.
Infelizmente o que diz o guia é exatamente o produto que temos aqui, pena que virou arquétipo do brasileiro em geral.

Bilds,
Puta, Índio e Ladrão.