Luis Nassif: a mídia e a cobertura da crise

“Outubro foi o mês em que o mundo parou. Estava nítido no comportamento das pessoas e daqueles indicadores que captam mais rapidamente o humor da economia. Agora, começam a aparecer os novos indicadores confirmando esse quadro. Como é o caso do Relatório sobre Produção Industrial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado ontem (2).

A produção industrial anual caiu de 6,8% em setembro para 5,9% em outubro. A queda é substancial, para espaço de tempo tão curto. De setembro a outubro houve recuo em 15 dos 27 ramos pesquisados. A maior queda foi de produtos químicos -11,6% no mês, -20,9% nos últimos três meses. Mas houve avanço em 12 ramos industriais, entre os quais os destaques foram alimentos (0,7%) e outros equipamentos de transportes (2,0%).

Aí se entra em um ponto importante para a análise. Até setembro, o consumo e a produção vinham crescendo a um ritmo recorde para a década. A queda, portanto, foi em cima de um patamar relativamente elevado. Por exemplo, entre janeiro e outubro o crescimento acumulado foi de 5,8%, fundado em 21 das 27 atividades pesquisadas. A liderança coube a veículos automotores, com 16% de crescimento, graças ao aumento da produção de automóveis e caminhões.

Importante notar também que as quedas de outubro foram agravadas por fatores eminentemente psicológicos, de setores que concederam férias coletivas ou paralisações técnicas não planejadas, muito mais em função do aumento da incerteza geral, do que (ainda) de fatos objetivos.

Parte desse processo se deve à chamada “escandalização” da crise, promovido por grandes órgãos de imprensa. Não se pode minimizar a crise, tem que se dar a ela o devido peso. Mas, em um contexto em que o fator expectativa é relevante, a dramatização da crise acaba aprofundando a própria crise.”
Vermelho.org
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