Sindicância apura que equipamentos da Abin não foram usados na escuta

“Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastar o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, ganhou força nesta terça-feira entre os órgãos de investigação a hipótese de que o suposto grampo nos telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tenha sido originado no sistema de telefonia do Senado.

Na avaliação de Lacerda, que não quis dar entrevista mas teve uma longa reunião, nesta terça-feira, com seus assessores, a única coisa certa é que uma conversa entre Mendes e Demóstenes Torres foi gravada. Na reunião com assessores, o diretor afastado disse que o leque de suspeitas é enorme e inclui, além do Senado, policiais federais, agentes da própria Abin, detetives particulares – sobre os quais não há controle – e ainda empresas especializadas em espionagem de alto quilate a serviço do banqueiro Daniel Dantas. Uma delas, a Telemont, que controla os sistemas telefônicos de vários órgãos públicos, já foi acusada de espionagem.

O ex-diretor da Abin acha que os advogados de defesa de Dantas construíram uma tese segundo a qual a Abin teria feito espionagem ilegal durante a Operação Satiagraha e pretendem usá-la para tentar anular ou, no mínimo atenuar, a situação do banqueiro nos processos que correm na Justiça Federal em São Paulo. Um grampo no telefone do presidente do STF, segundo o delegado, seria um argumento jurídico contundente para prejudicar as acusações contra o banqueiro. Lacerda também afasta a hipótese do delegado Protógenes Queiroz ter se utilizado de escuta ilegal na Satiagraha.

Sugerida inicialmente por uma declaração do general Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a suspeita de o grampo partir do Senado foi reforçada pelo resultado de um levantamento preliminar feito nesta terça na própria Abin, onde praticamente foi descartado o uso de equipamentos do órgão – que são auditáveis – e considerada remota a possibilidade de envolvimento de um servidor da ativa.”
Vasconcelo Quadros, Jornal do Brasil
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