A Capa da Revista “VEJA” e Padre Vieira

“A capa da Veja pressupõe que Tio Sam tenha salvado mesmo àqueles que não precisavam de salvação. Eu, por exemplo, que não ganhei dinheiro com a especulação de Wall Street. Ou você que me lê.

O argumento é mais ou menos o seguinte: mesmo que você não se importe com isso ou que não acredite nisso, foi salvo pelos Estados Unidos. O dedo na cara do leitor é uma forma de intimidação intelectual muito cara aos neocons norte-americanos. Lá na metrópole eles estão desmoralizados, mas aqui resistem bravamente e intimam o leitor: "Acredite em mim ou você vai se dar mal!"

O jornalismo de Veja é o equivalente brasileiro do realismo socialista ou do realismo fantástico. Nele tudo o que Evo Morales fizer representa atraso; tudo o que vier de Washington representa avanço. Verdade factual? Quem quer saber dela se podemos fabricar nossa própria verdade? Luís Nassif definiu como parajornalismo, que é do que se trata: a criação de uma realidade paralela, em que Daniel Dantas é um empresário perseguido pelas forças maléficas do Estado brasileiro, Gilmar Mendes é o defensor dos fracos e oprimidos, os petralhas vagam pelas avenidas feito chupa-cabras.”
Luiz Carlos Azenha, vi o mundo
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