''Não estamos sob tutela militar''

“Enquadrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Tarso Genro, tentou jogar água na fervura da crise com os militares após defender a punição aos torturadores da ditadura, mas não conseguiu segurar o protesto dos quartéis. Na tentativa de demonstrar tranqüilidade, Tarso disse que a divulgação de sua ficha política, por parte de generais da reserva reunidos no Clube Militar, no Rio, não tem a mínima importância.

"Não estamos sob tutela militar", afirmou, ao saber que houve quem pedisse sua cabeça no encontro de quinta-feira.

Conhecido por seu estilo irônico, língua afiada e capacidade de atrair polêmicas, Tarso não deixou por menos: apesar de sublinhar o respeito pelas Forças Armadas, lembrou que, se a crítica ocorresse nos anos de chumbo, o manifestante poderia ser cassado e preso.

O ministro confirmou ao Estado que Lula pediu a ele, antes de viajar para Buenos Aires e Pequim, que não deixasse o embate com os militares prosperar. "De minha parte, a crise terminou", insistiu. "Quando a polêmica alcança uma determinada temperatura, o presidente Lula orienta sua condução para que fique menos tensa ou não produza dissensos políticos." Ao longo da semana, Tarso seguiu o script combinado com o Palácio do Planalto e repetiu que o governo não pretende revogar a Lei de Anistia, de 1979, embora ele e o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, tenham deixado essa impressão. O episódio desgastou o ministro, que alfinetou os militares logo após divergir do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, sobre o uso de algemas na Operação Satiagraha, e de trombar com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.”
Vera Rosa, O Estado de São Paulo
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