Negociador cita "aval de Dantas" a suborno

“Relatórios da PF sobre operação mostram 16 dias de tratativa de valores entre delegados e Hugo Chicaroni e Humberto Braz. O delegado Vitor Ferreira diz, em texto a juiz federal, que Braz estaria autorizado por Daniel Dantas a pagar "propina de US$ 500 mil"

Os cinco relatórios da tentativa de suborno, por US$ 1 milhão, dos delegados federais da Operação Satiagraha mostram que um dos supostos emissários do banqueiro, Hugo Chicaroni, disse que a iniciativa tinha "o aval" de Daniel Dantas. A tentativa de corrupção foi um dos principais indícios que levaram o banqueiro à prisão por duas vezes nesta semana.

Os documentos, aos quais a Folha teve acesso, integram o inquérito da operação da Polícia Federal. Narram 16 dias de uma tensa negociação, entrega de pacotes de dinheiro em espécie e desconfiança mútua.

A mais bem-sucedida prova do poder corruptor dos investigados da Satiagraha só ocorreu após a Folha ter divulgado, em abril, uma reportagem que informava a existência de uma investigação em andamento contra Dantas. Segundo a sentença do juiz federal Fausto De Sanctis, o vazamento da operação levou os investigados a planejaram uma operação de compra dos policiais federais.

Às 20h26 de 11 de junho, um dos dois delegados que encabeçavam as investigações, Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira, recebeu ligação do ex-diretor da Brasil Telecom Participações, Humberto Braz, um dos principais assessores de Dantas. Braz dizia querer marcar "reunião" com Ferreira.

O delegado no mesmo dia informou o contato, por escrito, à delegada Karina Murakami Souza, para relatar o telefonema e pedir "ação controlada". O delegado, com autorização judicial, passaria a encenar o suborno, discutindo valores com emissários de Dantas.”
Rubens Valente, Folha de São Paulo
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