“Ao acusar a ministra Dilma Roussef de “mentir” para seus torturadores, o senador José Agripino Maia se excedeu. Excedeu-se? Ou quem sabe só se enquadrou na moldura onde sempre esteve?
Na Transilvânia deve haver um ditado mais ou menos assim: “quem nasceu para Drácula, pode passar por anjo, mas acaba mostrando os dentes”. Foi o que aconteceu com o senador Agripino Maia, do finado PFL, hoje o transgênico DEM.
A visita à página do senador é lacrimejante. Trata-se de um herói da democracia. Fez isto, fez aquilo, apoiou Tancredo. De repente o herói da democracia revela a boca de lobo em que se meteu. Agora? Desde sempre?
Entre outras coisas nefastas e nefandas, a interpelação a que o senador submeteu a ministra é uma ofensa ao decoro parlamentar. Ao “acusa-la” de ter “mentido” para seus torturadores, o senador extrapolou seu papel legislativo. Tornou-se, como os algozes daqueles tempos, um poder judiciário avant-la-lettre, sendo promotor, juiz e carrasco ao mesmo tempo. Fez a acusação, julgou, promulgou a sentença, passou em julgado e quis aplicar a pena.
Não deu certo. Por quê? Porque como personagem de comédia (e existem comédias macabras), o senador se achava num cenário e estava em outro. Ele estava “do lado errado da história”. Ele achava que seu único público era feito dos acólitos, arautos e pauteiros que municiam e saúdam esta oposição autoritária na imprensa e na mídia conservadoras. Era um personagem na peça errada. Um estranho no ninho. Nem mesmo esta imprensa o saudou. O episódio é exemplar, no que revela do contínuo autismo político que assola cada vez mais essa oposição de direita que, infelizmente, tem entre seu público parte da esquerda da esquerda.”
Flávio Aguiar, Carta Maior
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