“A senhora Dilma Rousseff está submetida, como todos nós, aos limites da condição humana. Esses limites se estreitam, ainda mais, em seu caso, quando ela exerce a chefia da Casa Civil da Presidência que, em nosso caso, quase equivale ao de premier dos sistemas parlamentaristas. Tendo optado pela vida pública, a senhora Rousseff entende que o poder reclama sacrifícios, entre eles o da paciência diante dos opositores. E sua paciência foi muita na jornada de ontem.
Os debates de ministros com o Parlamento se tornaram mais freqüentes, em nosso caso, depois da Constituição de 1988. As discussões sobre o novo sistema de governo, antes da convocação da Assembléia Nacional Constituinte, indicavam a possibilidade da mudança do regime, de presidencialista para parlamentarista. Com a chefia do governo e do Estado em uma só personalidade, as crises de governo se tornavam quase sempre crises de Estado. Dessa forma, a Comissão de Estudos Constitucionais, prevista por Tancredo e presidida por Affonso Arinos, tendia para o sistema de gabinete. Mesmo na Comissão Arinos – da qual participei – houve dúvidas sobre a oportunidade de se mudar um sistema que vinha desde 1891. Como a Comissão não tinha poder senão o de sugerir idéias aos constituintes, os únicos com legitimidade para elaborar a nova Carta, optou-se por propor saída conciliatória, uma espécie de compromisso entre os dois sistemas, acompanhando os exemplos, entre outros, da França e de Portugal. Ao final, apesar do regime aprovado, ficou um pouco de parlamentarismo na alma do documento.”
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
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