A cobertura das corporações

“Pesquisa realizada pelo professor Thomaz Wood Jr, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, revela que menos de 5% do conteúdo da mídia brasileira de negócios é crítico. "E ainda por cima exagera-se o lado positivo (das corporações)", afirma.

O levantamento dá base científica à percepção de qualquer transeunte que destine alguma atenção sobre o conjunto das revistas econômicas brasileiras, disposto nas bancas de jornais: via de regra, quando o assunto é empresas e executivos, o negócio é elogiá-los e promovê-los.

O jornalismo de negócios parece acompanhar cegamente uma lógica típica do mercado financeiro: o das profecias auto-realizáveis. De tanto se propagar determinadas informações (não necessariamente subordinadas à pura realidade dos fatos), elas se tornariam verdade.

Trata-se de um segmento cujo motor são ondas que varrem capas e capas de publicações com novos métodos, modas e milionários, que não raro evaporam com a mesma velocidade com que surgem.

Mas o que haveria de problemático nisso? Não seria este um círculo virtuoso, que irradia freqüências positivas aos seus leitores e ao universo? Talvez sim, em parte. A questão é a outra parte, que ora some, ora irrompe o noticiário, geralmente pela parte policial das sessões econômicas.

Daí certo constrangimento (e atraso) na cobertura dos atuais casos de corrupção flagrante do setor privado. O rombo bilionário causado pela Cisco - de acordo com a Polícia Federal - ganha mais ânimo no noticiário quando ligado a algum possível esquema ilícito do governo (mesmo que até então pouco fundamentado).”
Ricardo Kauffman, Terra Magazine (Foto divulgação PF)
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