As ditaduras e a "ética" da mídia

“Quando se trata realmente de uma ditadura militar sanguinária, como tem sido a do Paquistão desde o golpe de 1999, o jornalão dos jornalões, "O Globo", opta pela timidez - ou cinismo, se o leitor quiser ser mais rigoroso na avaliação Daí a manchete da página internacional de domingo: "Estado de exceção no Paquistão". É rima, até dói no ouvido, mas não é uma solução, como disse o poeta uma vez.


Um brasileiro com memória pode recordar como Carlos Lacerda, na campanha golpista contra a posse de JK, também optou pela expressão. Ele defendia o golpe militar a pretexto de não ter havido maioria absoluta e de que o presidente eleito era corrupto. Teve o cuidado de escolher as palavras. Evitou "ditadura" e "golpe". Pregou o "estado de exceção" a pretexto de "defender a democracia".


"O Globo" e o governo dos EUA estão unidos nas mesmas posições golpistas desde que o jornalão dos Marinho foi criado na década de 1920. Vejam agora, por exemplo, a cobertura sobre a Venezuela no sábado: a chamada da primeira página destacou a declaração de Ismael Garcia (deve ser o Alckmin do Opus Dei de lá) de que "houve um golpe de estado". Juro que deve ser o que também pensa Bush.”
Argemiro Ferreira, Tribuna da Imprensa
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